O Ano é 1885, dois forasteiros chegam a uma cidade e descobrem que algo ali está tirando a calma daquelas pessoas. Depois de alguns minutos, eles ficam sabendo que um figurão dali foi assassinado por ladrões de gado. Suspeitos a princípio, eles são informados que os suspeitos estão acampados em um lugar próximo dali. Algumas pessoas então se armam e vão atrás dos criminosos. Os forasteiros os acompanham. Mas o que deveria ser uma captura se torna algo inesperado para aqueles dois homens de passagem por ali. Aqueles cidadãos aparentemente pacatos e justos estão ali não para prender os três suspeitos, mas para fazer justiça com as próprias mãos. O linchamento é inevitável. O que vemos ali são aquelas pessoas fazendo um pré-julgamento daqueles três homens suspeitos, sem muito direito ou tempo pra se defenderem. Durante o pouco tempo que os réus têm para se defenderem, são feitos todos os tipos de acusações contra eles. Os dois forasteiros indignados, poucos têm a fazer, mas mesmo assim não medem esforços pra tentarem convencer aquelas pessoas a deixar a lei decidir o destino dos suspeitos. Durante todo esse processo de perguntas e respostas, vemos cair as máscaras daquelas pessoas, em especial o major autoritário que coloca sempre seu filho em situações de constrangimentos. O final é de estarrecer até mesmo aos mais céticos. É um final amargo e desesperançoso.
O interessante aqui, é que esse filme tem mais de 60 anos e continua super atual. Não se engane quem pensa que, por ser um faroeste, encontrará só tiros e cavalos correndo, a história é disfarçada de faroeste, sendo que no fundo é um drama sobre pessoas falhas, que poderia e pode acontecer a qualquer momento e em qualquer lugar. Dirigido pelo especialista William A. Wellman, que fez Asas (1928, o primeiro filme a ganhar o Oscar de melhor filme), e estrelado pelo excelente Henry Fonda no papel do forasteiro de maior destaque, é ele quem tenta a todo o momento abrir os olhos daquelas pessoas cegas por vingança e conscientizá-los do terrível engano que eles podem estar cometendo. Consciências Mortas é um libelo pela vida e uma denúncia da inescrupulosidade humana. O filme não defende atos errôneos praticados por criminosos, ele apenas mostra que, todos merecem um julgamento justo, até mesmo porque ninguém ali tem certeza de que aqueles três homens são mesmos os autores do crime. Tudo é muito vago, ficando apenas em opiniões e relatos contados por quem viu as evidências mas não viu quem os praticou. O roteiro escrito por Lamar Trrotti é baseado no livro de Walter Van Tilburg Clark e é de uma excelência fora de série, focando as agonias tantos dos forasteiros em busca de uma justiça real quantos dos três suspeitos. Aliás, esse é um dos pontos altos do filme, o fato de mostrar três condenados ao linchamento, de forma bastante humana. Eles choram, se desesperam, tentam a todo custo convencer seus algozes de que não são as pessoas que cometeram o crime. Dois dos suspeitos são interpretados por dois bons atores: Anthony Quinn e Dana Andrews.
Foi indicado apenas ao Oscar de melhor filme, mas obviamente merecia todos os prêmios da época.
Aqui no Brasil esse filme tem uma força ainda maior, pois aqui é onde mais se vê assassinos confessos que escapam ilesos depois de passarem pelas brechas da lei, enquanto ladrões de galinhas são presos e perseguidos à exaustão, ou até mesmo casos de pessoas que ficam anos acusados de crimes que nunca cometeram, e só anos depois é que são inocentados.
Consciências Mortas é um dos filmes mais fortes e contundentes da história do cinema, denunciando todo tipo de precipitação quando se têm em jogo vidas humanas.
http://blogdokley.blogspot.com/
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário