Há quase 30 anos, um canadense chamado James Cameron fez um filme chamado Piranha II – Assassinas Voadoras (1978), seqüência de Piranha (1978, dirigido por Joe Dante), um filme que obviamente visava buscar parte do sucesso alcançado por Steven Spielberg e o seu Tubarão (1975). Piranha II é um filme que, de tão tosco e ridículo (anfíbios que voam!) acaba sendo engraçado. Outros diretores teriam continuado a seguir essa carreira trash, mas James Cameron não era qualquer diretor, e provou isso com seu primeiro sucesso, em 1984 com O Exterminador do Futuro, filme que elevou Arnold Schwarzenegger a astro do cinema. Em 1986, Cameron dirige Aliens – O Resgate (seqüência de Alien – O Oitavo Passageiro de 1979, feito por Ridley Scott). A carreira de Cameron começava a tomar novos rumos, o qual o levou a fazer filmes tecnicamente inovadores como O Segredo do Abismo (1989), O Exterminador do Futuro 2 (1991), True Lies (1994) e finalmente se superar com Titanic (1997, até então o filme mais caro e mais rentável do mundo). Mas “superar” é mesmo uma palavra que define bem James Cameron, e doze anos depois ele chega com o filme que revolucionou a arte dos efeitos visuais no cinema: Avatar.
Até onde me lembro, Cameron tinha esse projeto na cabeça desde 1995, mas os efeitos visuais que ele pretendia utilizar ainda não haviam surgido, segundo ele. Mesmo que em 1993 Steven Spielberg tenha deixado todo mundo boquiaberto com os fantásticos efeitos digitais de Jurassic Park. De 2001 a 2003, o neozelandês Peter Jackson e sua empresa de efeitos visuais: a Weta Digital, daria vida aos personagens criados pelo escritor J. D. Salinger na saga O Senhor dos Anéis. A trilogia feita por Jackson conseguiu criar personagens e cenários altamente convincentes e chamar a atenção de Cameron. O diretor de Titanic se deu conta que havia chegado a hora de dar prosseguimento ao seu antigo sonho que era fazer Avatar.
Cameron sempre foi visto pelos atores e técnicos como um diretor megalomaníaco e perfeccionista, e isso é visível em seus filmes. Em Avatar, ele criou um planeta onde quase tudo que vimos ali é fruto de efeitos digitais; tirando os atores de verdade e algumas coisas básicas como cadeiras e mesas, todo o resto foi feito por computação gráfica (ou CGI como é mais conhecido no meio técnico). É impressionante como aqueles persoagens de três metros de altura parecem de fato existir. A interatividade dos atores reais com aquele mundo é perfeita, algo como nunca foi visto com tamanha perfeição em toda a história do cinema.
Pra quem ainda não assistiu a Avatar, aqui vai um pouco do enredo: No futuro, cientistas e fuzileiros norte-americanos exploram um planeta chamado Pandora. Esses cientistas criam os avatares (corpos movidos pela mente de pessoas pra interagirem com os habitantes do planeta, os Na'vi, seres humanóides azuladas de três metros de altura). Um dos fuzileiros (Sam Worthington de O Exterminador do Futuro 4 e do novo Fúria de Titãs) percebe que seus aliados estão com planos de exploração em massa a todo custo contra aquele povo e resolve mudar de lado e ajudá-los. Ele se envolve com uma guerreira (Zoe Saldana de Star Trek) filha do chefe da tribo, e inicia uma guerra (muito violenta, por sinal)contra os fuzileiros.
Ao invés da maioria dos filmes que mostram alienígenas invadindo a Terra e destruindo tudo, Cameron aqui faz o contrário: Os humanos é quem invadem outro planeta e tentam destruí-lo. A guerra final dos humanos contra os Na’vi é simplesmente fantástica.
Mas nem tudo é perfeito em Avatar. Sua história lembra outros filmes como Dança com Lobos (um homem abandona sua civilização e luta ao lado de um povo diferente) e Matrix (Transferência de mentes), entre outros. O problema não é Avatar se parecer com dezenas de outros filmes, mas se tornar um filme clichê em sua grande parte. O roteiro de Cameron não é bem aprofundado e nem sempre consegue sair do convencional. Mas nem por isso é um roteiro ruim. Consegue prender a atenção do início ao fim.
Cameron se sai muito bem no que ele sabe fazer melhor: interagir pessoas de verdade a cenários irreais e tornar tudo muito convincente. As plantas e vegetações são fantásticas, todo aquele processo deve ter com certeza dado um grande trabalho pra fazer. Além da empresa Weta Digital, entraram além de outras, duas das maiores autoridades em efeitos visuais do mundo: A Industrial Light & Magic (responsável pela concepção e movimento das naves e transportes do filme, entre outros) e a Digital Domain (empesa do próprio Cameron, responsável por alguns retoques, efeitos de transição, etc...).
No elenco estão nomes como Sigourney Weaver (Que já havia feito com Cameron Aliens – O Resgate), Giovanni Ribisi (O Resgate do Soldado Ryan), Michelle Rodriguez (Velozes e Furiosos) e Stephen Lang (Inimigos Públicos) como o vilão.
Avatar se tornou a maior bilheteria da história, superando Titanic, ou seja, James Cameron superou seu próprio recorde, e hoje detém os dois filmes de maior sucesso do cinema. Venceu os Oscars de: Efeitos visuais, direção de arte e fotografia, e ganhou também os Globos de Ouro de melhor filme e direção.
Se não é uma revolução em termos de narrativa e tem uma história já vista em outros filmes, é um épico que vale ser visto antes de tudo pelos seus excelentes efeitos visuais inovadores. Então, quem está em busca de um filme que não faça pensar muito e quer uma diversão de primeira, Avatar é uma boa recomendação.
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