Homem tem sua mulher brutalmente assassinada e sai à procura do assassino, sem descansar até que faça justiça com as próprias mãos. Simples, não é? Um tema pra lá de batido. Quem afinal nunca assistiu a um filme com um enredo desse? Mas Amnésia se diferencia de todos os filmes. Ele antes de tudo, é bastante original e complexo. E é nesse último quesito que reside a força desse filme dirigido por Christopher Nolan, do ótimo Batman – O Cavaleiro das Trevas.
É complicado falar de Amnésia sem acabar estragando as várias surpresas que ele traz.
Amnésia é um filme já diferente desde seus minutos iniciais, quando o personagem principal Leonard shelby (Guy Pearce de Los Angeles – Cidade Proibida) tem sua vida mudada quando certa noite alguém entra em sua residência e mata sua esposa, durante uma luta contra o agressor, ele é golpeado e fica no chão enquanto o bandido foge.
Depois se descobre que ele ficou com um tipo de amnésia no qual esquece tudo que se passa depois de cinco minutos. Ele só sabe que precisa se vingar, e tatua em seu corpo as informações que precisa para poder ir além nisso. Durante sua trajetória, ele encontra uma mulher misteriosa (Carrie-Anne Moss, a Trinity de Matrix) e um homem que se diz policial (Joe Pantoliano, também de Matrix).
Sua história é contada de trás pra frente, ou seja, o que vemos na primeira cena na verdade é o final, e o que vemos no final,na verdade é o começo. Parece difícil de seguir, mas não é, mas isso não quer dizer que o você vá entender de cara o enigma da história. Tem pessoas que assistem várias vezes e não assimila muita coisa, mas há quem assista e entende de cara. Entendê-lo ou não vai de cada um. Pra quem não tem experiência com filmes legendados, é recomendado que se assista dublado mesmo, pra assim não se perder na trama que é aparentemente confusa, mas que no fundo faz o maior sentido. Não é desses filmes que tentam ser complexos e enganam o espectador. Esse aqui de fato segue uma linha de raciocínio lógico. Há nele também uma subtrama em que Leonard antes da tragédia, investigava um homem que poderia estar fingindo perder a memória pra se dar bem com um seguro. Intercalando cenas coloridas em que Leonard busca pelo assassino e cenas em preto e branco em que ele investiga o caso do suposto golpista, culminando num final surpreendente de deixar qualquer um de queixo caído. O filme nos prega peças em vários sentidos, troca imagens que só vemos numa questão de segundos, nos leva a ter várias interpretações. Seria esse homem nvestigado por Leonard, ele mesmo?
Entre as várias cenas antológicas, uma delas brinca com o telespectador, quando Leonard persegue um homem.
As pessoas se aproveitam de sua situação, como o homem da recepção o muda sempre de quarto dizendo que ele não se lembraria mesmo em qual quarto esteve no dia anterior. Leonard sempre abre a porta do hotel pra dentro, quando na verdade a porta abre por fora. O policial brinca com ele dizendo que pode contar sempre a mesma piada.
O filme do início ao fim é uma sucessão de surpresas que vão dando um novo sentido à história. É incrível como ele nunca se perde e se torna cansativo ou chato, muito pelo contário. Quando termina queremos ver novamente. A cada vez que eu assisto vou descobrindo novos detalhes que me haviam passado despercebidos das primeiras vezes.
Se Leonard não se lembra de nada que se passou até cinco minutos atrás, isso significa que ele já pode ter pegado o assassino de sua mulher e não se lembrar disso. Sua luta incessante por vingança pode ou não ser algo que agora faça algum sentido.
O elenco é perfeito. Guy Pearce nos passa todo o conflito de um homem atormentado, Carrie-Anne Moss faz de forma natural a garçonete que tenta lhe ajudar, Joe Pantoliano está ótimo como sempre como o policial que pode ou não estar tentando se aproveitar de Leonard. Não menos perfeita é a direção do sempre ótimo diretor Christopher Nolan, que, juntamente com seu irmão Jonathan Nolan, escreveu o brilhante roteiro. Nolan é diretor do melhor filme de super-heróis do cinema: Batman – O Cavaleiro das Trevas (filme do qual o Coringa é interpretado de maneira magistral por Heath Ledger). Dirigiu também Insônia (filme tenso com Al Pacino e Robin Williams), Batman Begins (com Christian Bale e Liam Neesom, entre outros) e O Grande Truque (com Hugh Jackman e novamente Bale).
O filme Amnésia já virou caso de estudo entre historiadores, profissionais da área de cinema, e outros interessados. Sua história bastante original fascina e faz refletir sobre a necessidade do ser humano em fazer justiça, mesmo que ele não entenda o porquê disso.
Amnésia concorreu aos Oscars de montagem e roteiro, perdeu esse último absurdamente para o filme Assassinato em Oxford Park, de Robert Altman.
Meu filme preferido da última década e também um dos melhores roteiros já feitos, em minha opinião. Amnésia é uma obra excepcional, um exemplo notável de como se fazer uma história perfeita e original.
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