Faz parte de uma tradição narrativa das animações em geral, certo caráter pedagógico. Todavia, tal característica, por vezes, alça a obra a uma peculiar característica: limitar a obra ao público infantil, para os quais tais valores morais são dirigidos.

Toy Story 3 rema contra a maré, na medida em que os valores que prega são, efetivamente, valores e dúvidas humanas, independem de idade. Mudança, amizade, readaptação, são temas trabalhados no filme presentes na vida de adultos e crianças, e que se não fosse a maneira deslocada e madura, sem apelar para grande sentimentalismos, mas sim para um saudosismo consciente de que na vida há mudanças, Toy Story 3 difere de grande parte de uma imensidão de filmes infantis que vêem tais processos como algo doloso. No filme, há sim, transformação e aprendizado moral dos personagens – todos -, onde a aventura por eles enfrentada servirá para estreitar ainda mais seus laços de amizade.

Dessa vez, Woody, Buzz e o resto dos brinquedos são deixados num depósito quando seu dono, Andy, vai para a faculdade. Os brinquedos vão morar em uma creche, onde conhecerão novos amigos e viverão novas aventuras.

A evolução vai além do plano moral e pessoal dos personagens e atinge níveis fantásticos quando pensamos os aspectos técnicos da animação. Toy Story foi a primeira animação totalmente feita em computador, e de lá pra cá, muito evoluiram as outras, sem dúvidas na esteira de seu sucesso. Em Toy Story 3, o zelo com os traços de cada personagem vão de consoância com os bela cenografia criada, através da dinâmica típica dos filmes Pixar. Destaque-se também, a linda trilha sonora, um quesito que desde Wall-e, e principalmente ano passado com Up, vêm ganhando relevância nos filmes da Pixar.

Toy Story aparece como um dos grandes filmes do verão americano, e não será nada surpreendente vê-lo como concorrente ao Oscar de Melhor Filme, já que o de animação é mais que certo a sua vitória. Continua o reinado -merecido – da Pixar, que volta a suas origens e entrega uma saudosa e genial animação.