Corman, juntamente com o mítico ator Vicent Price, foram responsáveis por traduções (acredito que esse termo defina melhor esse filme) da obra de E. Alan Poe. Sombrio, estilizado, horripilante, ao mesmo tempo que com diálogos afiadíssimos e de um poder argumentativo genial, The Masque of the Red Death consegue transmitir muito daquilo presente no conto de Poe junto com a capacidade inventiva de um mestre do horror, cujo herdeiro maior de seu estilo atualmente, é, evidentemente, Tim Burton.
O filme conta a história do prícepe Própero. A história, parece se passar na Itália medieval, donde os signos dessa época são discutidos com o talento apurado do diretor Corman. Próspero é um príncepe tirano e bizarro, que aterroriza uma aldeia. Lá, ele rapta a jovem Francesca, sequestrando também, o pai da moça e o namorado desta. Em seu castelo, Próspero refugia-se da peste conhecida por Morte Rubra, que rogara uma praga pela região. Junto de alguns nobres da região, o príncepe promove festas. Seus prisioneiros, todavia, nem imaginam o que iriam encontrar naquele misterioso castelo.
À trama macabra, junta-se toda uma rede de signos horripilantes orquestrados pelo esteticismo grandiloquente de Corman. Cada cenário extravagante, cada enquadramento efetuado pelo diretor, serve sobremaneira para criar uma atmosfera sombria e um suspense visceral em torno de como vai agir a Morte Rubra, e de o que esconde aquele castelo excêntrico e assustador.
Nisso tudo, vale destacar a Fotografia de Nicolas Roeg, sobretudo nas cenas que se passam na floresta da aldeia. Interessante como Roeg, constrói o ambiente perfeito diante de um signo medieval tão instigante como é a floresta. Lá está o mal. Os que por ali passam encontram a morte e são por essa iludidos. Sem dúvidas, tal ambiente gótico se compõe com impressionante fascínio graças a precisão cirúrgica dos closes de Corman, e da fotografia soturna de Roeg.
Dentro do castelo de Próspero, os vários salões são decorados com uma apuro de detalhes impressionante. Interessante é ver como Corman procurou sempre filmar Próspero rodeado de pessoas, nunca só. Por outro lado, o clima de suspense se instaura quando Francesa (Jane Asher) busca desbravar algumas salas daquele castelo, só. Genial o plano-sequência. Corman focaliza as expressões da jovem e pura menina e mostra todo o seu medo diante do desconhecido. Mais além, nessa cena, o diretor talvez explore um dos mais brilhantes conceitos sobre o medievo: o de coletividade e segurança. Francesca está só, longe de sua família, longe de sua religião ( ela, no caso, está sendo tentada por Próspero que fizera um pacto com o demônio), sendo assim, está sujeita a ser atacada por forças malígnas.
O final, é algo que o cinema realmente merecia. Vale o filme todo, como se não bastasse já a sequência inicial. Há a dança da morte no castelo de próspero, há também o final macabro com a marcha das mortes, cada uma em um cor específica, acompanhadas de uma citação de Poe.
Não apenas por ter Price em um papel quase mítico, como Próspero, mas pelo talento de Corman, Roeg, e a estilizada direção artística, The Masque of the Red Death é uma obra prima do terror gótico. Um filme excencial, de um diretor pouco conhecido, mas de um talento e domínio da linguagem cinematográfica enormes.
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