Após você assistir ao volume 2 de Kill Bill, acaba que sugere uma sensação de que Kill Bill realmente trata-se de um obra homogênea que nunca deveria ter sido dividida. Nessa segunda parte, a narrativa chega a perder um pouco o fôlego, no sentido em que são criadas respostas não tão convincentes e criativas às lacunas abertas na primeira parte. É mais forte a presença de diálogos, única luta interessante fica por parte do duelo entre A Noiva, ou agora, já com o nome revelado, Beatrix Kiddo (Umma Thurman) e Elle Driver, interpretada por Daryl Hannah (Blade Runner e Wall Street - Poder e Cobiça), onde vemos uma boa interpretação das duas, isso claro, marcado pelos competentes diálogos criados por Tarantino.
Todavia, como já dito, essa segunda parte há uns deslizes do roteiro de Tarantino. Por exemplo, o treinamento de Betrix Kiddo com o mestre Pai Mei (personagem dos anos 70, tirado dos filmes de samurais dos irmãos Shawn) se se estende demais, com tiradas de humor fora dos padrões de Tarantino, sem o humor negro habitual. Além de que nessa parte prevalece o estilo western spaghetty,com cenas menos voltadas as artes marciais, característica forte do volume 1.
O caráter de unidade dos dois filmes se revela forte nessa obra pelo fato de Tarantino manter a mesma intensidade e apuro técnico, seja na Trilha Sonora espetacularmente original, seja na fotografia, encaixando em alguns pontos, como a cena do casamento (ensaio deste) onde o tom preto-e-branco dá reforça o estilo western que prevalece nessa cena.
As atuações continuam seguras. Umma Thurman consagra seu papel e mostra toda sua desenvoltura, fruto de longo processo de preparação. Umma é sim o ponto de equilíbrio entre as atuações, não apenas no sentido em que a história gire em torno de sua vingança, mas também pelo fato de sua personagem ter, e o é, de adaptar-se a todas as diferentes situações por qual ia passar. Chega a ser meio épico a sua busca desenfreada por vingança.
Destaca-se também, David Carradine, como Bill, que aparecerá bastante nessa seqüência. Carradine, que não era a primeira opção para o papel, antes dele havia dois atores, incluindo Kevin Costner, cotados para assumir o pivô do conflito. Daryl Hannah está sexy e cínica como Elle Driver, uma personagem que ganha força em um momento necessário da trama, já que a verborragia de Tarantino já havia preenchido boa parte do tempo da trama, a luta entre Elle e Beatrix serviria como contraponto aos extensos diálogos. Luta essa que figura-se entre as melhores de Kill Bill, uma espécie de duelo de samurais em pleno clima de western, com sabres cortantes e pitadas bem trash, como a hora em que Betrix arranca o olho de Elle.
Ao final, quando Beatrix finalmente encontra Bill, Tarantino nos prega uma surpresa, onde a presença da filha de Beatrix e Bill, B.B. Kiddo( Beatrix fazia parte do bando de Bill e estava grávida do memo, percebendo isso, decide se afastar deste em busca de uma nova vida, aí está a explicação para a chacina que motiva a vingança de Beatrix) serve pra amenizar a tensão do provável confronto entre seus pais. Na solução desse confronto, Beatrix finalmente realiza sua vingança, graças a uma técnica aprendida com mestre Pai Mei, o que chega a ser uma solução barata, simples até. Não é uma luta épica de grandes proporções, demorada.
Enfim, o saldo final entre as duas partes de Kill Bill é positivo. Tarantino consegue transpor a tela grande parte de suas influências, com seu estilo original de sempre. Kill Bill tem sim seus deslizes, mas o que realmente fica como sua marca é o seu estilo único, ousado. O trabalho mais requintado tecnicamente de Tarantino. Essa segunda parte teve uma bilheteria de $152.159.461 em torno do mundo. Saldo positivo.
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