Bigelow conseguiu a mesma proeza que à sua época conseguira Coppola com a abordagem da guerra efetuada por Apocalipse Now. É de se louvar o fato de que a diretora estadunidense de 58 anos optou por, através da predominância do suspense psicológico, retratar um bocado da loucura que paira sobre a guerra insana que é travada no Iraque. Mais que isso, Bigelow faz um estudo caprichado de personagens reais, de facetas não mais que humanas. Nesse ponto, "Guerra ao Terror" amplia seu espectro para um destino icógnito, onde o horror torna-se algo rotineiro.
Pode-se dizer que The Hurt Locker vai abocanhar diversos prêmios no próximo Oscar. Apesar de que provavelmente teremos um Tarantino concorrendo, o filme de Bigelow, certamente entra como o favorito a premiação. Tarantino, realmente não tem cara de Oscar, mesmo fazendo uma das grandes obras-primas da dácada - Inglorious Basterds.
"Guerra ao Terror" fala de um grupo de soldados da elite do exército americano, encarragados de desarmar bombas implatadas por terroristas que tentam desestabilizar o poderio estadunidense no Iraque. Tudo, é uma nóia só. Todos, de crianças a idosos, são prováveis inimigos.
A direção segura de Bigelow optou por colocar uma câmera tremida que acompanha aqueles soldados como se fizesse parte daquelas missões. Capta com maestria à intimidade daqueles, mostra seus medos, sua loucura, sua compaixão pelo inimigo. O que a diretora parece nos dizer, é que sob aquele véu de profissionalismo daquele esquadrão, esconde-se pessoas que não entendem bem o porque daquilo tudo, que torcem para se ver livre daquilo tudo, ou vêem naquilo tudo sua razão de vida. Enquanto um soldado não vê a hora de voltar pra seu país e ter um herdeiro, outro quando retorna é apenas para ver seu filho e voltar, talvez para uma última missão.
Personagens densos e bem interpretados compõem a trama. Dentre eles, o eixo da narrativa focaliza-se, sobretudo, no Sargento William James - interpretado com afinco por Jeremy Renner, que chegara para substituir um colega morto em missão. Com centenas de missões completadas, William parece adotar uma personalidade que mistura loucura e irresponsabilidade. Ele aparentemente distoa do medo de seus colegas, e apesar de ser o líder se seu grupo, toma decisões exageradas, mas que dão certo. Todavia, William não é um herói clássico, talvez ele seja mais um louco, pelo qual o perigo da guerra tornou-se a razão de seu viver.
Nesse interim, o que se destaca de fato no filme é o clima de tenssão que Bigelow cria em suas cenas, o que se completa pelas cenas de ação eletrizantes, além do estudos da situação e dos personagens, sempre de uma forma muito sincera, muito bem colocada pela diretora. Nisso, contribui o excelente trabalho de perícia técnica do filme, seja na belíssima fotografia, ou na não menos que espetacular e bem colocada Trilha Sonora do longa. The Hurt Locker impressiona pela categoria como trabalhou tão gasto tema, pela maturidade de Bigelow, que entregara um trabalho digno de mestres.
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