Briony logo de início, confessa: “eu deveria ter escrito um romance; as peças são ruins porque a obra, para se realizar, depende da ação dos outros”.
Misturando Fotografia, Iluminação e maneira de filmar próximo do estilo de Kubrick, com a nova influência de roteirização inglesa - não à toa parece muito com "As Horas", nesse quesito - Desejo e Reparação é uma ótima alternativa ao cinema contamporâneo, onde seu diretor - extremamente inspirado - filma com parcimônia e talento às ações que se inserem no filme e nos faz refletir sobre atos passados que, de certa forma, influenciam uma vida toda.
O roteiro do filme é algo brilhante, sensível, bem trabalhado diante das possibilidades da trama. A história começa em 1935, numa rica propriedade rural inglesa, onde vivem a matriarca e suas duas filhas – Cecilia, a mais velha, e a jovem Briony, de 13 anos.Lá também vive Robbie, filho da empregada da propiedade que fora educado em Cambridge com a ajuda do falecido patrão.Cecília e Robbie tem uma aparente atração, mas não sabem eles se são correspondidos, apenas Briony percebe que eles se gostam, e, justamente, ela que fará algo capaz de mudar decididamente à vida de Cecília e Robbie.
A leveza como a direção de Joe Wright nos encaminha a descobrir intensas surpresas é incrível, algo raro no visceral cinema contemporâneo. Para isso, contribue sobremaneira a sensibilíssima Trilha Sonora, vencedora do Oscar de 2008. Salve-se também, a linda iluminação no fundo da maioria dos planos que é aplicada por Wright - algo bem parecido com o estilo de Kubrick, sem dúvidas. A Fotografia também lembra o grande mestre autor de Laranja Mecânica, ora a leveza de um Barry Lyndon - a propiedade rural -, ora Nascido para Matar - o campo de batalha no Norte francês.
Interessante como Wright coloca a Segunda Guerra em seu filme, não como algo que fosse ocupar o filme com batalhas destoantes da leveza inicial - como no sentido inverso fez Cold Mountain, e o faz grande parte dos filme sobre. A guerra em Desejo e Reparação é simplismente mais um empecilho que afasta concretização de um grande amor, embora não seja o único.
Mais brilhante ainda foi como o diretor estraiu tão boas atuações de seus atores, mirins e adultos. O grand edestaque ficou mesmo com as três atrizes que interpretaram Briony, Saoirse Ronan, que fazia ela com 13 anos chegara a receber uma indicação ao Oscar de Atriz Coadjuvante, merecida. Romola Garai, Briony aos 18, também não fica por menos, e, confesso, cheguei a achar que seria ela a indicada. A experiente Vanessa Redgrave, já oscarizada anteriormente, brilha no pouco tempo que participa do filme interpretando Briony já idosa, revelando-se em uma entrevista, passando a limpo seus atos anteriores.
Keira Knightley e James McAvoy seriam aqueles que menos poderia se esperar, e se superam, com atuações sem exageros, os dois mostram firmeza e entrosamento em seus personagens, ditam o ritmo do filme com suas eficientes atuações.
Tecnicamente muito bom, Desejo e Reparação é um dos melhores filmes feitos recentemente, sensível e bem trabalhado, que não apela para fórmulas prontas, que não uza de efeitos dantescos para atrair/fugir do que mais interessa na história: ela em si.
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