A primeira experiência com um filme de David Lynch é algo complicado, confuso, tenso. É praxe que ele não se trata de um Diretor fácil, alguns o acham até bizarro, para uns é um gênio, para outros é um "mala" que coloca imagens e sons ao acaso só pra tornar as coisas sem sentido, sem motivo algum. Em uma primeira análise posso dizer que fiquei admirado com a sagacidade de seu trabalho, seu controle sobre personagens, sons, imagens, sua capacidade de o "deixar no clima" do filme, motivos esses que me levam a crer sim naqueles que o consideram gênio, e mais, daquela espécie que sempre tem uma truque ( no bom sentido) na manga.
Mulholland Drive é uma sinuosa estrada nos arredores de Hollywood - " A cidade dos Sonhos" ao qual se refere a tradução para o português. Certo dia, indo nessa estrada, vinha a bela chamamo-lá de "Rita", como pouco empo depois ela denominar-se-á (o nome é por causa da protagonista do filme Gilda, Rita Hayworth), ela esta em uma limusine com alguns homens, e ao indagar sobre o real local para onde íam vê os homens apontar uma arma em sua direção, na iminência de morrer, acontece um acidente envolvendo o seu carro com dois carros de estudantes em uma racha maluco, ela escapa e desce ladeira abaixo, entrando em uma casa dos arredores. Nessa casa, encontrará Betty Elms, recém chegada em Hollywood, vinda do interior do Canadá, a meiga moça veio pra lá com o sonho de ser atriz, que ficasse conhecida por seu talento, não por seu status de "estrela". Após isso, essas duas envolver-se-ão em uma angustiante tentativa de descobrir o passado de "Rita", em um mundo onde não sabemos o que é sonho ou pesadelo, o que é real ou irreal, o que é liner ou não.
Após essa breve sinopse fica-se impossível a um reles cinéfilo de "primeira-viagem" como eu definir o que vem a acontecer nas cenas em que se seguem. A hábil Direção de Lynch uza de todo o seu controle sobre a linguagem fílmica para deixar buracos intensionais no Roteiro, bem como mudar atitudes de seu personagens, cheio de metáforas, dificílimas de se decifrarem, alg0o que nos encaminhará para um final angustiante pra quem assisti, diria psicotrópico, algo que tem de fato um sentido, mas que não é nada fácil de o encontrar, diante da complexitude e magnificencia do controle de Lynch, nos rendemos, entregamos o jogo, chega a ser uma luta vã.
Como se não bastasse, Lynch é um gênio ao criar toda uma atmosfera angustiante de suspense, parte disso se encontra na tenebrosa Trilha Sonora de Angelo Badalamenti ( indicado ao Globo de Ouro), além da Fotografia de Peter Deming.
As atuações são na mediada exata, tanto Naomi Watts, quanto Laura Harring consegue passar em o que Lynch ânsiava, no sentido de apresentarem a profundidade exata de suas personagens sobre cada difícil momento em que se inseriam. Acompanhando com afinco às mutações de seus personagens, algo de extrema importância no desenrolar da trama.
Enfim, uma primeira experiência, com já dito, nada fácil, como forma de não demonstrar certa digamos "alienação" fico no meio termo quanto à análise do filme, que é bom, há um grande e angustiante clima de suspense, é sensual quando necessário, sem ser vulgar, lança suas metáforas em uma hora exata, todavia, não devamos esquecer, que aquilo que não tem uma compreensão digamos, plausível, mesmo que difícil, não deve ser encarado com tantos bons olhos assim, no filme há grandes e sérios furos no roteiro, que intencionais ou não chegam, de certa forma, a afastar/assustar que assiste à película.
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