Caché raetrata, à sua maneira, algo parecido com o que Kubrick fizera com " De olhos bem fechados" : há sempre a possibilidade de haver algo estranho no interior da mais perfeita família, e são eventos que lancem a mesma rumo ao desconhecido capazes de fazer com a mesma passe por uma intensa provação.
Para além disso, Caché é mais um filme particularíssimo de Haneke, o filme é só seu, é filmado de uma maneira só sua, comunica-se do seu jeito original. Haneke parece, tal qual veio a repetir em "A Fita Branca", mostrar que seu filme pode ser pensado/filmado em dois sentidos: primeiro o do própio diretor, que parece acompanhar sem julgar seus personagens; segundo, dos própios personagens, que no caso de Caché do vilão, que posteriormente seria vítima.
A história conta a vida de uma família feliz que mora na Fança, que se vê atordoada por fitas e cartas estranhas e assustadoras. No decorrer do filme, tais aderessos tenderam a se mostrar familiares ao patriarca, Georges Laurent - Daniel Auteil em brilhante atuação. Tal como é corrente aos filmes de Haneke, as crinças, ou fatos praticados por essas ganham relevância no contexto da história.
A direção de Haneke - Vencedora de Cannes - mostra-se segura com relação aos destinos que dá ao filme. O clima de suspense e mistério que acompanha todo aquele voyeur faz com que assistir a Caché seja uma instigante experiência, desde o primeiro e longo plano, vemos que a câmera estática de Haneke nos revela que ao espectador cabe apenas observar e julgar ele mesmo.
A ausência de Trilha Sonora, os olhares atônitos dos atores - destaque-se, também, a lindíssima Binoche, em um papel digno de seu talento -, além dos longos planos, misè-en-scene, tudo leva Caché para a experiência única que o é. O filme é cheio de particularismos que é só seu.
Não obstante, Haneke não deixa imune o lugar que fora radicado. A história do filme revela-se uma profunda crítica a situação do imigrante na França, uma ferida que é mostrada por Haneke quando menos esperamos, quando pensamos tratar de algo abstrato, distante, Haneke - repetindo algo que voltaria a fazer em "A Fita Branca" - joga na cara de todos o seu ponto de vista, seja através do patriarca racista, seja na família perfeita que se sustenta em mentiras e desconfiança.
o que vc nao gostou no filme pra dar 8,5