Biografia fictícia segura é um primor de técnica amparada em uma música decididamente divina. Toda a ambiguidade do protagonista ,que é justamente o vilão da história, é explorada de maneira brilhante por Forman, de maneira que longe de o julgarmos por isso, nos faz identificarmos em sua personagem um pouco do que é inveja e do que é admiração, afinal tão tênue fronteira é mais que comum na vida de todos os seres humanos.
A história acontece na visão de Salieri, antigo músico da corte real, e a suas reações de admiração e inveja pelo talento de um infante incoveniente, mais de um talento inigualável chamado Mozart. Em forma de flashbacks contados por Salieri, o filme vai tocando suas histórias e nos dando condições de julgar seu protagonista.
De incrível ambientação, Amadeus figura certamente entre uma das melhores e eficientes - não necessariamente mais cusotosas - produções. Tudo é perfeitamente encaixado a trama, de maneira que não há exageiros visuais, o de cenários que venham a atrapalhar o que realmente importa. Vemos poucas vezes a câmera desviar do foco principal que são seus protagonistas - só por analogia, é corrente no cinema atual mostrar longos planos de cameras aéreas percorrendo a paisagem do local, ou o despretencioso olhar do personagem para o cenário estonteante que o cerca, desvios/vícios estilísicos que apenas passam de chamariz para o grande público, afianal são essas cenas que vão parar nos trailers "mostrando" o filme.
Milos Forman é um Diretor de experiência, que sabe controlar de maneira capital as situações de seu filme, amparado no roteiro de Peter Shaffer não deixa que seu filme caia em lugares comuns, como excessos de debates verborrágicos ou concertos musicais longos e cansativos. A história vai se desenrolando sem jamais perder rítmo ou sair de foco.
Um filme que tornou-se um marco do cinema, principalmente dos anos 80, quando Hollywood perdera muito do brilho de outros tempos. Revolucionário pela forma como é mostrado o duelo de personalidades, graças principalmente a consistente atuação de F. Murray Abraham, como Salieri, e Tom Hulce, como Mozart. Forman consegui fazer uma particular obra, uma grande adaptação biográfica, rica na recriação de gestos e cenários, um filme marcante.
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