Em 1979, o promissor diretor Ridley Scott, um inglês vindo com muito sucesso da publicidade, já havia estrado no cinema dois anos antes com o belíssimo “Os Duelistas” e chamou à atenção da crítica e do público, logo após essa estréia ele decide dirigir uma ficção cientifica de terror baseada na história de Dan O'Bannon, em que um monstro de natureza desconhecida invade uma grande, escura e labiríntica nave mineradora, fazendo que seus tripulantes lutarem pelas suas vidas. “Alien, O Oitavo Passageiro” é uma das ficções cientificas mais consagradas e um dos mais aterrorizantes filmes de terror de todos os tempos. Junto com um bom elenco (Sigourney Weaver, Ian Holm, John Hurt e Vanessa Redgrave) Scott redefiniu os padrões da ficção cientifica e do terror, usando um grande e sinistro cenário para criar um clima tenso e com direção muito calma, fazendo o monstro aparecer apenas quando fosse necessário. Essas diferenças fizeram de “Alien” um grande sucesso de bilheteria, arrecadando mais de 100 milhões de dólares, e se tornou um clássico da ficção cientifica que deixou o nome de Ridley Scott no topo da lista.
Tanto Ridley Scott quanto a franquia “Alien” seguiram caminhos diferentes: Scott continuou sua carreira de diretor de cinema e logo após “Alien” entregou outra ficção cientifica clássica “Blade Runner-O Caçador de Andróides” de 1982 e continuou formando sua extensa filmografia. Já “Alien” teve mais três filmes contando a batalha da tenente Ripley contra os montruosos alienigenas: “Aliens- O Resgate” de 1986 de James Cameron, “Aliens 3” de David Fincher e “Alien: A Ressurreição” dirigido pelo francês Jean-Pierre Jeunet. Atualmente Scott e a franquia “Alien” não têm feitos bons resultados, Scott acerta em algumas escolhas de projetos (Gladiador, O Gangster e Falcão Negro Em Perigo), mas erra e outras (Rede De Mentiras, Hannibal e Os Vigaristas) e com o “Alien” vieram os péssimo “Alien VS Predador 1 e 2”, em que pegaram duas boas franquias e quase acabaram com as duas. Quase 30 anos depois quando Ridley Scott diz que irá dirigir uma “prequell” de “Alien, O Oitavo Passageiro”, ou seja, os acontecimentos antes do filme original de 79 a expectativa é grande e o resultado é “Prometheus”, um dos grandes filmes desse ano.
Prometheus, homenagem ao personagem da mitologia grega que tentou descobrir os segredos dos deuses e dividi-lo com os mortais, é uma nave em que é tripulada por um grupo de cientistas que descobrem novos indícios sobre as origens da humanidade na Terra, levando-os a uma aventura impressionante pelas partes mais sombrias do universo.
O elenco está ótimo. Com destaques para a sueca Noomi Rapace, que ficou famosa por interpretar a Lisbeth Salander em “Os Homens Que Não Amavam As Mulheres”, o original sueco, que interpreta a cientista Elizabeth Shaw, que tem a teoria da raça que criou a humanidade. Rapace está tão bem quanto Sigourney Weaver, que interpretava Ripley, a heroína da saga. O inglês Idris Elba como o capitão da nave, super à vontade no papel. A bela e excelente atriz Charlize Theron como a comandante da missão, uma mulher aparentemente fria. Mas o grande destaque vai para o ator alemão Michael Fassbender no papel do androide David. Fassbender não pisca em momento algum e sua voz é sempre serena, a composição do personagem é muito bem feita pelo ator, que já havia se saído muito bem como Carl Jung em “Um Método Perigoso” e como Magneto em “X-Men-Primeira Classe”, Fassbender está se tornando o grande ator do momento e isso é merecido.
A direção de Ridley Scott é excepcional, além de usar muito bem os cenários, o diretor usa elementos de “Alien- O Oitavo Passageiro” para criar o clima de suspense, deixando o cenário hostil e criando o terror a partir do estranho, do incompreensível. Vale destacar a direção de arte que é muito linda e a direção de fotografia de DariuszWolski, que utiliza cores frias que deixam um trabalho visual fascinante.
O único problema de Prometheus está em seu roteiro, que se perde em sua própria ambição. Escrito por Damon Lindelof e John Spaits, a dupla se perde um pouco em sua própria ambição no segundo ato e deixa várias perguntas sem respostas. Os personagens não são desenvolvidos. Por exemplo a personagem de Charlize Theron, que está ótima no seu papel, mas os roteiristas não aumentam a importância de seu papel. Ela é vista como a mal-caráter da equipe e continua assim até o fim do filme, um desperdício do talento da atriz. Também á várias situações que soam muito forçadas e ilógicas e alguns diálogos que são horríveis.
Mesmo com esses problemas no roteiro “Prometheus” marca a volta de Ridley Scott, sendo tecnicamente incrível e tendo uma das cenas mais aterrorizantes e desesperadoras que já vi. Se ele não foi realmente o grande filme do ano, como era esperado, é pelo menos uma ótima ficção científica.
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