Fora de Nova Yorque, Woody Allen confere um argumento verossímil
Se existe livre-arbítrio, ou se tudo está destinado de fato, essa é uma das varias questões sem respostas que remete ao ser humano. Constipado por essa duvida, Woody Allen confere sua tese em uma trama que disserta as obras do acaso, numa perspectiva visceral e crível.
Ponto Final – Macth Point narra o trajeto de Chris Wilton, um ex-tenista profissional, que quer a todo custo melhorar de vida. Dando aulas como instrutor de tênis ele se aproxima de um dos seus alunos Tom. Logo ele conquista a jovem Chloe, irmã de Tom, e consegue um cargo na empresa do pai deles, mas sua vida não terá sossego quando se envolve com a ex-noiva do cara que agora é seu cunhado.
Três são os personagens efetivos da trama, os que de fato fazem discorrer todas as situações. Chris Wilton é um jovem tenista, ex-profissional e agora instrutor, oportunista e quer a todo custo mudar de vida. Ele vê a oportunidade de entrar para uma família de classe alta, entretanto, essa não será tarefa fácil quando ele se envolve com duas mulheres. Uma delas é Chloe Hewett, oriunda dessa família da alta sociedade de Londres, com quem o tenista acaba por se casar. A outra é Nola Rice, ex-noiva de seu agora cunhado Tom Hewett, com quem vive uma relação mais lasciva.
Com base nesse triângulo afetivo o roteiro dramático se sustenta até o desfecho, entretanto, a sorte também é um pilar recorrente no argumento. Conferir a trama situações que condizem com sorte e azar só faz vigorar mais a genialidade da estória, entre situações que chegam a um patamar mais implexo, até movimentos de câmeras simples que cominam com uma bela vista de Londres, o filme é um leque de acertos onde o diretor faz pregar que a sorte concebe grandes e banais ocasiõs do cotidiano, desde a metáfora inicial quando compara a vida a um jogo de tênis, até o desfecho magistral, mas sempre afirmando que, a sorte apenas age quando há atos inconsequentes.
Woody Allen (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa) que assina o roteiro e a direção com perfeccionismo, usa de artifícios, além desse argumento muito bem construído, sem grandes buracos, ou quase nenhum, uma primorosa direção. Um exemplo claro da condução excelente de Allen está no clímax, quando Chris decide por um fim no caso com Nola, onde toda a cena é nutrida por uma tensão bem adequada, mesmo com uma Ópera ao fundo, o que estranhamente ajudou na tonalidade densa dos atos do protagonista, que posteriormente seriam postos ao julgamento do acaso.
O filme só peca nas escolhas dos atores. Jonathan Rhys Meyers (Feira das Vaidades) até que começa bem na construção de seu personagem, mas ao decorrer da trama se perde um pouco e exagera nas encenações. Emily Mortimer (A Garota Ideal) está insípida em alguns momentos, mas ao contrario de Jonathan, evolui quando é mais requisitada. Entretanto as atuações não foram um desastre por completo, quando se tem a presença de Scarlett Johansson (Encontros e Desencontros), que tem um talento bem à frente de seus companheiros, e reafirma isso na atuação de Nola, coloca tudo que a personagem pede a disposição, e se sai impecável.
Dentro do que se propôs Ponto Final teve um trajeto bem arriscado, mas Woody Allen conciliou bem a inexperiência dos atores com um argumento que dialoga excelentemente com o espectador e traz situações que não só dissertam sobre sorte na vida, mas também sobre os atos, por vezes inconsequentes, que a fazem agir.
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