Na Natureza Selvagem é uma estúpida e necessária lição de moral
O devaneio da vida contemporânea e todo seu consumismo de vez em quando são retratados através da arte. Seja na música, na literatura, no cinema, ou nas artes plásticas, sempre surge algo que fala sobre as atitudes individualistas da atual sociedade. Mas o filme em questão não é apenas mais um em meio a toda essa tentativa de extinguir a hipocrisia, mas sim, um exemplo seleto de que a sordidez não está nas pessoas, e sim no sistema idealizado e seguido por elas.
Christopher McCandless é um jovem que acaba de se formar na Emory University. Com uma carreira promissora, Christopher toma uma atitude drástica, doa todas suas economias, coloca uma mochila nas costas, abandona tudo e todos, e parti em uma aventura rumo ao Alasca.
De certo modo a narrativa é feita por capítulos, que por sua vez, retratam a nova vida de Christopher McCandless, o personagem central da estória, vida essa fora de todo o sistema idealizado pela hipocrisia humana, longe das obrigações e dos supostos direitos, longe da maldade das pessoas em suas formalidades. Mas Na Natureza Selvagem, que é baseado em um fato verídico e conduzido genuinamente por Sean Penn, acaba se saindo como uma estúpida e necessária lição de moral, já que ao fugir dessa falsa realidade Christopher é apresentado à implacabilidade da natureza e a insanidade do isolamento.
Sean Penn, mais completo como ator do que diretor é conhecido por trabalhos excelentes em Sobre Meninos e Lobos e O Pagamento Final, havia dirigido três vezes antes de Na Natureza Selvagem. Aqui, além de criar uma narrativa cheia de detalhes, consegue explanar com perfeição toda sua idéia sobre os relacionamentos humanos, positiva e negativamente, e também, as consequências que surgem com a falta dessa relação.
Emile Hirsch de O Show de Vizinha, nem sempre competente, aqui interpreta o protagonista, e surpreendentemente se encaixa com perfeição no papel, e parece dar o máximo de si para o personagem. O elenco ainda tem nomes de peso como William Hurt de O Beijo da Mulher Aranha, Marcia Gay Harden que trabalhou ao lado de Sean Penn em Sobre Meninos e Lobos, e Catherine Keener de Capote, todos brilhantes. Mas outros dois merecem destaques. Kristen Stewart, que parece ser a mesma menina em todos os filmes que faz, e isso não é bom para uma atriz, sempre com a mesma expressão, insípida. E Hal Holbrook, atuou em Todos os Homens do Presidente, aqui protagoniza se não a melhor cena e mais significativa do filme, uma das mais, em que se despede de Christopher McCandless.
Os cenários do filme são esplêndidos, e são usados como exímio para mostrar que a natureza belíssima como é, foi feita para o homem, mas que, com o tempo, perdeu o direito sobre ela.
Nosso sistema é totalmente burocrático e hipócrita, o filme mostra isso na cena em que Christopher deseja descer o rio a remo, e para poder desfrutar de uma experiência natural e de direito do homem que é o acesso à natureza, ele tem que entrar em uma lista de espera que pode durar anos, é o cumulo da impertinência burocrática.
Depois de assistir ao filme de Sean Penn, duas vão ser as verdades incondicionais da vida. Primeiro que a absoluta condição existencial do homem tem que ser ratificada com uma cédula e um número de registro no sistema. E segundo que, a felicidade só é real quando é compartilhada!
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