Dentro do que se propôs Kill Bill vol. I acerta em tudo e é um dos melhores filmes da década
Há algo de especial no cinema de Quentin Tarantino, seja na música, sempre bem adequada a cada momento, seja na fotografia ou figurino, condizente com a trama, seja os atores e seus respectivos papeis sempre muito bem escolhidos, seja em cada dialogo mais incrível e sufocante que o outro, ou a montagem sempre característica, ou simplesmente nos créditos iniciais ou finais. Em Kill Bill vol. I, um roteiro simples acabou virando uma obra fascinante.
A trama é a seguinte. A personagem intitulada de A Noiva resolve abandonar um grupo de extermínio para viver uma vida considerada normal. Contrariados a esse fato, seus ex-companheiros Vernita Green, O-Ren Ishii, Budd e Elle Driver, e o chefe de toda essa quadrilha, Bill, resolvem aparecer na igreja no dia de seu casamento. O resultado é uma chacina impiedosa onde todos são mortos, ou pelo menos, foi o que eles acharam quando deixaram a igreja. Milagrosamente A Noiva consegue sobreviver e quatro anos de coma depois, ela acorda e agora busca vingança de todos e de cada um.
A julgar pela premissa, pode-se notar que se trate de um tema um tanto desgastado, vingança. Mas por trás disso, temos Quentin Tarantino, autor de Obras-prima como Cães de Aluguel e Pulp Fiction: Tempo de Violência, então se deve olhar para Kill Bill vol. I de outro jeito.
Ao contrario de outros filmes do diretor, Kill Bill vol. I não tem como objetivo se aprofundar na essência dos personagens, a não ser da protagonista que, até é bem desenvolvida e compartilhamos o tempo todo cada momento de sua vingança. Esse talvez seja o principal personagem do filme, a vingança. Movida por esse sentimento, A Noiva nos da um show com seu lado amargurado, impiedoso e até sádico, em poder de uma espada de samurai, sempre com a trilha sonora excitante, ela destroça tudo com que se depara.
Toda a narrativa funciona, de Uma Thurman como protagonista até os efeitos sonoros. A forma com que os fatos são apresentados não condiz com a que eles realmente aconteceram, e isso já é característico no cinema de Tarantino, mas não atrapalha em nenhum momento, ao contrario, a principal luta fica para o final di filme, o embate entre A Noiva e a oriental O-Ren Ishii, e isso apenas mais um fator que tornou a obra tão mais especial. A trilha sonora também merece certo destaque, a cada cena, cada plano-sequência, cada luta, tudo parece ter sido criado, todos os sons, justamente para saga da noiva.
Tarantino se supera até despretensiosamente, parece estar brincando de fazer cinema. Há muitas referencias em seu filme, que vão da habitual cultura pop aos samurais do cinema japonês da década de 70, e tudo mais que o diretor tenha presenciado em outros tempos, quando trabalhava em uma locadora.
Uma Thurman depois de Pulp Fiction, ao contrario de Tarantino, não ficou muito tempo sem entrar em cena, antes de Kill Bill vol. I, ela fez alguns longas, entre eles O Pagamento de John Woo e Poucas e Boas de Woody Allen, mas nenhum com tão destaque quanto os filmes dirigidos por Quentin Tarantino. O elenco ainda conta com Vivica A. Fox (Cruzeiro das Loucas) como Vernita Green, Daryl Hannah (Blade Runner – O Caçador de Andróides) como Elle Driver, David Carradine (O Ovo da Serpente) como Bill, Michael Madsen (Cães de Aluguel) como Budd e Lucy Liu (As Panteras) como a oriental O-Ren Ishii, todas muito bem, embora alguns não apareçam tanto, quando aparecem, convencem.
Concluindo, Kill Bill vol. I é uma obra fascinante, não pela complexidade de seus personagens ou diálogos inspirados, porque não há, os detalhes são outros. Trilha sonora marcante, narrativa super arrojada, elenco afiadíssimo, cenas de lutas super excitantes e impagáveis, e um por trás de tudo isso, um diretor de uma criatividade ímpar e super competente, enfim, Kill Bill vol. I é sim um baita filme, do seu jeito, mas é!
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário