Sobre astros obsoletos com uma boa assessoria de imagem e o pseudo cinema cru
Para todos os efeitos, um ótimo filme de ação. Keanu Reeves foi esperto o bastante para seguir os passos de Liam Neeson e se reinventar como astro de ação, sem perder seus fãs antigos, mantendo-os encantados com seu calculado ''bom samaritanismo". Quanto às suas habilidades performáticas, bom, qualquer pessoa que tenha o mínimo de bagagem em termos de atuação cinematográfica, sabe que elas são limitadas, sendo bem gentil. Mas o roteiro e direção são perspicazes o bastante para transformar as óbvias limitações de seu protagonista em um trunfo do filme. A inexpressividade de Reeves cai como uma luva no personagem, um ex-hitman dotado de habilidades quase sobre humanas que, após perder seu último vínculo afetivo genuíno, parte em uma trilha de sangue em busca de vingança. John Wick é tudo o que um fã raiz de ação espera : Muito tiro, porrada, bomba, sangue, em sequências brilhantemente coreografadas por uma equipe de dublês de se tirar o chapéu. O aspecto teatral das lutas pode ser incômodo para alguns, mas creio que essa impressão seja inevitável devido a natureza farsesca de toda coisa. Aqui, a ação é como uma dança, um espetáculo minunciosamente ensaiado para ter o efeito certo, no momento certo, com os objetivos certos. Por isso, quem for esperar um filme de ação mais ''raw'' ao melhor estilo anos 80, pode se decepcionar com o aspecto clean da coisa toda. É uma semi sátira desse já tão saturado gênero, uma ode à um pseudo cinema cru, desnudado de afetações de tendências culturais modernas, mas ao mesmo tempo um bom aperitivo de um novo jeito de filmar ( nesse caso, principalmente cenas de ação ) na sétima arte. Uma boa criatura esquizofrênica. Para todos os efeitos, um ótimo filme de ação.
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