Dirigido e roteirizado por Osgood Perkins(se o sobrenome te soa familiar, é porque é, se trata do filho de Anthony Perkins, nada mais que o próprio Norman Bates de Psicose), THE BLACKCOAT'S DAUGHTER (FEBRUARY) é um thriller psicológico com pintadas de drama que se disfarça bem, na maior parte do tempo, como um terror sobrenatural, desses de demônio mesmo que todo mundo já tá bem habituado. Minucioso em sua construção de narrativa e desenvolvimento de personagens, este é um suspense atmosférico que vai no seu próprio tempo, e não faz a menor questão de ser digerido com facilidade pelo público corriqueiro. Paciência e disciplina para destrinchar o enredo propositalmente disperso se faz necessário para que toda a ''vibe'' do filme seja devidamente absorvida, eu recomendaria que você assistisse com fones de ouvido em um horário de pouca movimentação, já que o design de som do longa se torna um personagem a parte, que ajuda a contar a estória. Quem estiver procurando um filme de terror convencional, certamente vai se decepcionar, porque February é ao fim e ao cabo sobre os conflitos internos de uma jovem solitária, Katherine, explorando as possíveis motivações que a levaram a cometer atos horríveis. É um filme desavergonhadamente inconsistente e bagunçado, pois não tem nenhum medo de ir à lugares que outros filmes simplesmente não vão, constantemente desafiando convenções e subvertendo expectativas. É notável o comprometimento linear com que a A24 produz obras fora da caixinha do lugar comum de Hollywood, sempre aparecendo com um filme mais esquisito e interessante que o outro. Bom, se por um lado a ousadia é a maior força dos filmes da produtora, também é a maior fraqueza destes. E com ''A Enviada do Mal''(péssimo título nacional) não é diferente. Ao explicar pouco, ou quase nada ao público, o longa faz uma aposta arriscada: Se valer da força de seus temas e técnica, criando uma experiência sensorial que não necessita de super exposição para ser compreendida. É sempre admirável quando um filme não sai simplesmente soletrando o seu roteiro, mas existe um limite para a omissão. Quando você se sente intelectualmente desafiado por uma obra, instigado pelo seus personagens e mensagens, aí sim, tem-se uma experiência construtiva e satisfatória. Mas quando você apenas se encontra confuso por certas coisas ao longo da trama, aí está o problema. Só pelas atuações do trio principal de atrizes, com óbvio destaque para Kiernan Shipka, já faz valer os 90 minutos. Emma Roberts e a então desconhecida Lucy Boynton podem não estar no mesmo nível da excelente jovem atriz, mas também entregam atuações competentes. Em suma, este pode não ser o sonho de todo fã de terror, mas a verdade é que February nem pretendia ser, para começo de conversa. É um filme problemático do ponto de vista narrativo, com várias incongruências em seu roteiro, fora o fato da personagem principal não ser exatamente muito carismática...Mas no que se propõe, é um bom suspense dramático.
Críticas
7,0
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