O retrato de um brasileiro, e que brasileiro...
Antes de mais nada é preciso dizer: o filme não é nem de longe político e de forma alguma tenciona ser. É a vida de um brasileiro que dificilmente acreditaríamos existir até mesmo pela própria história que o filme conta, mas que existe e mostra a força que pode ter um brasileiro.
Apesar de ter gostado muito do filme, acho que nas mãos de Walter Sales teria sido melhor trabalhado. A história, sendo verídica talvez precisasse de um pouco mais de poesia, um pouco mais de força e principalmente, um pouco mais de profundidade. É justamente nesse ponto que a maioria dos filmes biográficos acaba perdendo. Preocupam-se muito em narrar fatos e pouco com os sentimentos humanos envolvidos neles.
Há a impressão de que tudo passa muito superficialmente. As cenas do sertão são demasiado rápidas (apesar de belas) e a relação com o pai é um tanto quanto óbvia. O filme tem pressa de acontecer. Fruto de um roteiro que parece ter um cronograma a seguir, ele preocupa-se somente em pontuar as etapas da vida de Lula em que algo marcante aconteceu para que viesse a etapa subsequente, sem aprofundar-se muito numa trama psicológica.
Glória Pires encarna Dona Lindu de forma excelente rendendo assim ótimas cenas, como a em que Lula consegue um emprego e suja o macacão de graxa para que haja a impressão de que ele trabalhou demais. Rui Ricardo Dias consegue convencer apesar de ser muito artificial em algumas expressões.
Faltou também ao filme uma representação melhor da parte que se passa na ditadura. o tão famoso clima de tensão da época acabou passando despercebido pela lente de Fábio Barreto.
Uma escolha muito feliz foi a de colocar flashbacks nos momentos em que Lula tinha uma escolha a fazer. Assim, o filme consegue passar a quem o assiste o papel crucial que Dona Lindu teve na vida do atual presidente do Brasil.
Teima é só teimar...
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