Um remake infeliz de "A Aldeia dos Amaldioçoados" (1960), o qual ainda não tive oportunidade de assistir mas que deve ser melhor do que o filme em questão. Não que eu não goste de refilmagens, muito pelo o contrário. Muitas delas quando bem pensadas e realizadas podem sair tão boas ou até superiores aos filmes originais, "O Homem que Sabia Demais" (1956), "Sete Homens e um Destino" (1960) e "Cabo do Medo" (1991) estão aí e não me deixam mentir. O próprio Carpenter já tinha feito um ótimo trabalho com uma refilmagem: "O Enigma de Outro Mundo"(1982), baseado em um filme de ficção dos anos 50 de Howard Hawks. Pena que dessa vez ele tenha errado a mão.
A premissa do filme promete um bom filme de suspense/terror estilo "O Bebê de Rosemary". Em Midwich, cidadezinha do interior dos Estados Unidos, todos os habitantes e animais do local são acometidos por uma espécie de desmaio ou sono profundo, como se uma força invisível tivesse cercado a cidade criando um limite e todos que dele passassem entravam em um estado de inconsciência. Numa velociade espantosa, uma equipe de cientistas do governo liderada pela Dra. Susan Verner (Kirstie Alley) é mandada para analisar o caso, só que antes que eles chegassem a alguma conclusão, essa "força" se dissipa deixando atrás de si um rastro de confusão, algumas mortes, como a do homem que caiu sobre a churrasqueira e morre queimado (bizarro!), e 10 mulheres grávidas ao mesmo tempo. Pelas condições incomuns em que ocorreram, os cientistas passam a acompanhar e estudar as gestações delas e no dia do parto todas são levadas a uma tenda especial onde tem seus bebês.
A princípio as 9 crianças (uma aparentemente morreu no parto) se pareciam com todas as outras
, mas a medida que crescem vão dando sinais de uma terrível diferença: elas tem poderes paranormais, como o controle da mente, levando as outras pessoas a fazer coisas que não querem, até a auto execução, botando em risco a vida dos próprios pais.
Como mencionei antes a idéia é boa, mas na hora da execução...
Para começar o roteiro devia ser reescrito. Situações que não levam a lugar algum; diálogos são despropositados, quando não risíveis; várias subtramas, como a do garoto paranormal que não tem seu "par" e a da marido que se sente traído por que a mulher engravidou mesmo ele estando um ano fora de casa, não acrescentam nada a história principal e só fazem atrapalhar, a personagem Dra. Verner é simplesmente inútil, se tirassem ela do filme não ia se perder nada... Enfim, uma sucessão de erros e clichês que fazem perder a objetividade do filme.
As atuações são outro ponto fraco, tanto dos adultos como das crianças. Estas estãos horríveis(no mal sentido da palavra), deveriam ter visto "A profecia" (1976) ou "O exorcista" (1973) para aprenderem como uma criança pode dar medo. Kirstie Alley, que já fez bons papéis, está muito canastrona. Cristopher Reeve mediano, nem de longe lembra o brilhantismo que mostrava na série clássica de Superman, pena que este tenha sido seu último papel no cinema antes do acidente que o deixou tetraplégico. E Mark Hammil, o Luke de Star Wars, bom, nem se pode falar bem ou mal dele pela participação que ele tem no filme.
"A Cidade dos Amaldiçoados só não é uma perda total por causa da direção de John Carpenter, que apesar de ser inferior em comparação a maestria vista em seus grandes filmes, como "Halloween" e "Eles Vivem", guarda momentos de genialidade que valem ser vistos como a cena em que as crianças saem de suas casas e chegam ao celeiro onde vão morar, numa linda tomada usando cinemascope. No final, é um filme bem ruinzinho, só recomendado para quem é muito fã do Carpenter.
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