Fique claro que indiscutivelmente Gênio Indomável é um excelente filme.
A base do argumento é a vida de um rapaz superdotado, solitário e sem recursos que passou por muito sofrimento e pressão social e familiar enquanto criança e adolescente e cujo mecanismo de defesa é não permitir a aproximação das pessoas.
Tudo começa quando o personagem principal Will (Matt Damon) resolve a complexa questão matemática que está como desafio aos alunos de uma universidade e, a partir daí, fica nítida a supercapacidade lógica e argumentativa dele. Ainda no princípio Will se envolve em uma briga de rua e nesse momento vem à tona sua agressividade, rancor, desejo de vingança – primeiro vestígio da fera encurralada – o combustível de tudo isso são os sentimentos comuns a quem sofre abandono e maus tratos na juventude.
No caminho do personagem surgem duas figuras emblemáticas que são o psicólogo Sean (Robin Williams), que vem a ser o seu mentor e pai afetivo, e também a singular e madura Skylar (Minnie Driver) que se apaixona por Will. A história se desenrola e algumas situações e desafios como o enfrentamento de suas próprias verdades e o sentimento por Skylar, o que conduz Will a uma espécie de libertação de si próprio e a busca da real felicidade.
Há momentos simples e grandiosos que compõem a agradabilíssima narrativa: a conversa de Sean e Will na beira do lago e a hora em que Will e Skylar tomam chá na praça. Tudo acontece em Boston na década de 90, e isso significa fôlego visual (uma vez que a grande maioria dos filmes norte americanos se passa em Nova York, Washington e Los Angeles).
Todos os personagens, sem exceção, têm sua carga emocional, vida própria e função imprescindível na história. Robin Williams fez muitíssimo por merecer o Oscar de melhor ator coadjuvante; a dupla Damon e Affleck (Ben) demonstra muito entrosamento e capacidade com o “papel e caneta” o que lhes rendeu o Oscar de melhor roteiro original. Ao dar vida a esse personagem, Damon escancarou sua ótima desenvoltura diante das câmeras. Gus Van Sant também dá um show na direção.
Apesar de não haver recursos de efeitos especiais (nesse caso desnecessário) e mesmo tendo sido lançado há um bom tempo, a qualidade do conjunto dá um frescor incomparável ao filme. Diga-se de passagem o filme recebeu nove indicações ao Oscar de 1998: melhor filme, melhor diretor, melhor ator, melhor ator coadjuvante, melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro original, melhor trilha sonora, melhor canção original e melhor edição.
Esse drama direcionado aos mais diversos públicos (pais, filhos, professores, psicólogos) expõe o que pode ser a realidade de vários jovens pelo mundo a fora. A mim o título do filme se deve ao personagem coadjuvante, o que considero extraordinário, e vejo que a mensagem é a de que ninguém tem o direito de decidir o rumo da vida de outra pessoa mas, talvez sim, mostrar as possibilidades e as prováveis consequências dos diversos caminhos.
Gênio Indomável, por si só, merece ser visto mais de uma vez.
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