Sou um pouco suspeito quando se trata de escrever para um filme do gênero musical, porque particularmente adoro filmes assim e sempre que assisto a um, já o considero como uma obra-prima.
Mamma Mia!, porém, merece uma atenção especial, não por se tratar de um musical de excelente qualidade, tal como Cantando na Chuva ou A Noviça Rebelde, mas por ser fraco em diversos aspectos. Apesar do nome, um musical não sobrevive apenas com belas canções, esse tipo de filme também necessita de um bom roteiro que mantenha o ritmo durante todo o longa e também de atuações convincentes, não que mereçam receber o Oscar, mas que não pareçam superficiais e desinteressadas. Mamma Mia! não possui as duas ultimas especificações.
O roteiro é frágil e parte de uma premissa que mais serviria para retratar um folhetim do horário nobre: Sophie ( Amanda Seyfried) está para se casar em breve, e gostaria que seu pai a conduzisse até o altar, ela porém não o conhece, e ao descobrir um diário de sua mãe resolve convidar os três possíveis "candidatos" ao, digamos assim, cargo. A história acaba se desenvolvendo de maneira arrastada, muitas vezes deixando pontas soltas, os diálogos são fracos, em certo ponto risíveis, e o final acaba por se mostrar clichê de tão "piegas".
Muitas pessoas talvez pensem: "Mas Meryl Streep faz parte do elenco. Então..." Então nada! Por mas que Meryl Streep seja capaz de salvar qualquer longa com suas interpretações fantásticas, aqui vemos aquela que seja a personagem mais fraca de toda sua carreira: Donna por muitas vezes parece perdida em pensamentos, nunca tem uma posição definida durante o longa e não consegue manter a figura da mãe protetora por muito tempo. E se Meryl Streep entrega uma atuação que deixa a desejar, o restante do elenco também não se sobressai em nenhum momento. Julie Walters, Colin Firth e Christine Baranski entregam personagens caricatos e desinteressantes.
Mamma Mia! não chega a ser de todo ruim, já que a parte musical e fotografia se mostram excelentes em muitos aspectos. O filme não possui canções originais, todas as que são executadas durante o longa são canções do grupo sueco ABBA. Todas são muito bem executadas, quase todos os atores mostraram que possuem um bom talento vocal ( Me desculpe, Piece Brosnan, você não faz parte deles), as canções contagiam sempre que aparecem, e apesar de algumas possuírem uma coreografia um tanto quanto duvidosa, outras se mostram muito bem feitas, com destaque para "Lay All Your on Me" e "The Winner Takes It All".
A fotografia do longa também se mostra uma bela surpresa. As tomadas externas foram gravadas em uma ilha grega, o que aumenta a beleza das imagens e dão um toque a mais ao filme. Um outro fato interessante, que acho que vale a pena ser citado, é sobre o hotel de Donna, o ambiente foi todo recriado em estúdio e isso não é perceptível durante a execução do filme, com exceção de algumas cenas onde o uso de Chroma Key acaba denunciando o lugar. A montagem entre cenas da ilha e do hotel, foram bem colocadas e quem assiste acredita que tudo está em um mesmo lugar.
Mesmo com músicas empolgantes e uma bela fotografia, Mamma Mia! é fraco e de longe um filme de qualidade, apesar de bons momentos, ele serve como diversão para algumas tardes ou dias de chuva.
Que Mamma Mia! sirva de exemplo para os musicais que estão por vir: não basta ter boas músicas, também é necessário um roteiro de qualidade, e somente com a integração desses dois fatores é que, talvez, voltaremos a ver musicais grandiosos como os que haviam antigamente.
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