O Dr. Eswai desembarca em um pequeno vilarejo, sob o qual paira uma terrível maldição... E quem assiste o filme desembarca em uma dos mais estranhas e injustamente desconhecidas obras de horror do cinema. O brilho dela não decorre de seu cenário já que Bava se utiliza do legado do próprio tema: Um vilarejo próximo a praia carregado de superstições, uma maldição que está sob a cabeça de todos os habitantes, uma morta que ressurge da tumba, bruxas praticando de inexplicáveis ritos e mortes estranhas. O que o diferencia dos demais filmes B é seu diretor. Ele extrai desse cenário um poema fúnebre e nos convida a mergulhar nos mistérios do horror. O que mais admiro no filme é como o diretor quebra a linearidade típica desses filmes, afastando-se daquele esquema de um Roger Corman. Ele opta por se valer dos efeitos visuais para se encaminhar visando à experimentação. As repetições constantes visam valorizar o jogo sobre o duplo, as repetições constantes de plano num efeito hipnotizador. A fotografia valoriza cores de uma forma nunca vista: amarelo, vermelho, roxo e azul se destacam. Trabalho espetacular de seu fotógrafo. E essa estética multifacetada compõe de planos de rara beleza que se superam explodindo e enriquecendo até a menor das cenas.
Outra coisa que me encanta e me surpreende é a forma que ele se faz valer do zoom e dos movimentos de câmeras que se mesclam a um som que aturde já que mescla vozes de crianças, sons de grilos, relógios visando intensificar a angústia que se desprende a cada momento de forma macabra e onírica.
Tenho certeza que muitos acharão o filme lento demais. Eu a meu ver acho-o angustiante. Adoro o Dédalo criado por Bava. E enxergo nele um precursor de David Lynch em seus melhores momentos. Assistam pelo amor de Deus. Ou por outro motivo qualquer.
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