O roteiro peca, mas o filme funciona.
"Atividade Paranormal" esfrega na cara de quem fala que para fazer um bom filme é necessário dinheiro.
Com uma idéia na cabeça, coragem e US$ 15 mil no bolso o estreante Oren Peli conseguiu construir o melhor filme de terror de 2009 no melhor estilo plano ponto-de-vista (aquele em que o filme é filmado por uma única câmera, dando um ar amador a filmagem e que te mata de enjôo dentro do cinema. Igual "A Bruxa de Blair", "Cloverfield"... lembrou?)
Só na primeira semana de lançamento "Atividade Paranormal" arrecadou US$ 7,1 milhões - é isso mesmo pessoa, "milhões" - segundo o jornal O Globo que intitulou a matéria de "Terror Barato". Alguém se arrisca a dizer o porquê?
Bom, arrecadando tanto em bilheteria assim é de se esperar que o filme tenha algum borogodó. E tem!
Ao contrário de outros do gênero, a estratégia de "Atividade Paranormal" é gerar tensão no espectador desde o começo da exibição. Assim, um susto aqui, outro acolá... aos pouquinhos a medida em que o "demônio" enfurece.
Nessas doses homeopáticas você acaba se acostumando e se prepara para uma tensão muito grande... que não vem.
Fora isso o tal "demônio" do filme é meio sem criatividade, sejamos francos. Porque abrir e fechar a porta, arrastar móveis, balançar o lustre, acender e apagar luz, isso tudo qualquer demônio com o 1º grau incompleto já faz bem Hollywood afora.
Na minha opinião o roteiro falha em não explorar melhor os medos do espectador, quando colocado dentro de uma casa, sozinho, no meio da noite: aquele demônio poderia ter aprontado muito mais! É isso.
No mais, o filme acaba sem que o roteiro apare certas pontas cruciais. Como a função da tal "Diane" no filme e da foto no sótão. Além de explorar muito mal a personagem do paranormal, que chega a ser absolutamente dispensável.
Mas o filme também acerta, e muito:
Os "eventos paranormais" se passam sempre durante a noite, bom, e nem preciso dizer que isso só reaviva medos primitivos em todos nós.
O filme nos apresenta atores desconhecidos. Isto é uma boa estratégia para que o público se identifique com os personagens e, por consequência, para que o filme atinja seu objetivo.
O plano ponto-de-vista colabora muito para aumentar a tensão: É angustiante tentar ver além do que a câmera mostra e isto só lhe deixa mais e mais nervoso.
O filme ainda acaba no momento certo: É curto o suficiente para que não se torne enfadonho.
E quanto ao desfecho da história acho que não poderia ser melhor (só faltou elucidar alguns pontos como eu já disse anteriormente).
Mas no final da sessão fica uma sensação estranha (tá bom, além do medo, vai!). Fica a sensação de que o filme poderia ter sido muito mais, ter causado muito mais tensão e simplesmente não causou.
Sobretudo, o filme atinge seu objetivo de "assustar" com maestria e, na minha opinião, desponta como o melhor terror do ano.
Recomendo, e muito!
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