Tenho conhecimento de que este filme deriva-se de outra película de 2001, ele nada mais é do que um remake (que com certeza deve ser de qualidade abaixo da original), mas para evitar de ser levado por comparações óbvias, não assisti ao filme “O experimento” para não interferir sobre minha crítica pessoal a este novo filme, irei simplesmente analisá-lo de forma “ bruta”, sem interferências nem comparações com a obra original.
Mais do que completa, com bom argumento, bem dirigido e com um elenco impecável, se uma película conseguir acercarmos de tal forma, com a qual nos leve a sentir qualquer emoção de forma pujante( seja tristeza, raiva, medo e etc), isto nos leva de forma inexplicável, com todos os erros possíveis, ainda apreciarmos (mesmo que de forma temporária)certas obras. Com este intuito, diretores se tornam verdadeiros aprendizes em forjar clímax ou em casos mais raros, em colocar o espectador no lugar dos personagens. O grande problema reside quando o diretor não dá a mesma atenção aos elementos igualmente importantes citados como roteiro, direção e atuações. Este mesmo carrossel de emoções no qual o espectador se submete ao assistir à alguma película por ter se identificado com o personagem se aplica a esta película, que prima por esta qualidade, mas esquece de todas as discussões e camadas de interpretações que poderiam ser naturalmente intrínsecos do mesmo argumento que tem em mãos. Um exemplo o qual me ocorre é o de Dogville( de Lars Von Trier), neste tanto a identificação com os personagens quanto as situações passadas por estes e facilmente compradas por nós (logicamente devido a todo o talento que o diretor tem em incitar variadas emoções em seus espectadores), junto a um roteiro bastante filosófico e por vezes denso, consegue não só ser um somatório emoções ( e que possui uma catarse primorosa para estas), mas também um filme que se preocupa manter qualidade para todo os seus elementos, ou seja, este sim pode ser considerado algo acima da média.
O tratamento desleixado e sem compromisso que o filme Detenção dá tanto aos personagens, quanto ao roteiro e até mesmo a direção, reflete diretamente à qualidade do filme. Faltou uma discussão profunda, a qual poderia discorrer sobre a ética humana em situações extremas como de confinamento. Neste, 26 pessoas escolhem participar de um estudo apenas sabendo que este se trata de um experimento social de confinamento, sendo que simula as condições de uma cadeia. Metade destas pessoas terão de fazer o papel de guardas e a outra metade de prisioneiros e, é claro, pode parecer até previsível o que poderá ocorrer dentro da cadeia, mas é justamente a falta de trato e sutileza que se dá ao argumento e aos personagens que reforçam ainda mais esta situação. Se tratam de personagens extremamente estereotipados, não há absolutamente nenhum personagem um pouco mais tridimensional.
Por exemplo, a transformação de um dos personagens dentro do ambiente confinado que poderia se dar de forma bastante interessante (o diretor poderia expor uma boa discussão de como o poder pode corromper ou sobre a hipocrisia das pessoas), na verdade ocorre de forma forçada e mesmo o bom ator Forest Whitaker não dá conta do recado, dando um tom totalmente errado ao personagem,cheio de caras e bocas o tornando bastante caricato, além das escolhas insossas do diretor para definir seus personagens por meio de apenas uma situação vivenciadas por eles em alguns flashbacks e alguns diálogos com um entrevistador antes de entrarem no experimento social, de forma bastante superficial e descartável. Já Adrien Brody está correto, e salva um pouco o filme em termos de atuação por conseguir construir um personagem com o qual o público se identifique (com personalidade forte, mas simpático e tranqüilo), mostrando verdadeiramente seu talento em cenas de humilhação pública. Esta certa identificação com o personagem principal com Adrien é, afinal, a melhor qualidade do filme si, que gera sempre emoções variadas no espectador em momentos quando o personagem se encontra em situações inconcebíveis, e nos faz torcer pelo destino dele. O tom de mistério dado ao experimento foi acertado pelo diretor, o que nos faz por vezes nos questionarmos do por quê da experiência em si, mas (como citei acima) não nos dá base suficiente com o desenvolvimento correto dos personagens para entrarmos em uma discussão mais interessante, complexa e desafiadora do tema. Foi somente uma boa idéia que ficou no papel, infelizmente. A direção também segue a velha cartilha e não consegue ser inventiva em nenhum momento ( na verdade nem tenta visto o próprio patamar baixo o qual o filme deseja alcançar).
Em suma, não poderia definir esta película elucubrando sobre todos seus elementos pobres que tão pouco importam. De forma bem sintetizada, o que posso concluir é: trabalho medíocre, mas que cumpre sua função principal (leia-se, fazer com que o espectador se coloque no lugar do personagem, gerando assim um interessante coquetel de emoções naquele ao longo da jornada deste), o que nunca transforma este num trabalho completamente satisfatório visto todos os clichês deste subproduto hollywoodiano para as massas, onde mais uma vez a inteligência é deixada de lado em prol do sentimento de apelo rápido, anestesiante, mas totalmente esquecível.
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