Changeling representa a busca pela justiça e pela verdade, numa obra de Clint Eastwood!
Primeiramente, gostaria de falar sobre o tratamento que a crítica tem dado a este filme. Li em inúmeras revistas e críticas pela internet que Clint Eastwood não está à altura de seus últimos filmes. Discordo plenamente. É justamente o diferencial, a maestria de Eastwood que se sobressai de maneira gritante.
Registro aqui uma pequena discórdia da grande parte dos críticos cinematográficos que rodeiam os nossos meios de comunicação. O tratamento, geralmente, comparativo utilizado não seja talvez o melhor meio de criticar uma obra e, também, o olhar negativo sobre o que deveria ou não ser feito não cabe à grande parte desses leigos (ainda que achem que não o são) jornalistas, cinéfilos ou seja lá como se consideram. É aqui que me refiro: não se deixe influenciar por qualquer crítica que tenha lido antes de ver por si próprio o filme, que pode ter visões e apreciações diferentes da obra, o que a meu ver pode ser, com certeza, absolutamente pessoal em grande maioria das vezes. Por essas razões não me deixei abalar sobre a qualidade duvidosa de A Troca, e fui assistir com a devoção que eu tenho pelo diretor, produtor e ídolo Clint Eastwood. Confesso que fui com um pé atrás devido às críticas, mas me surpreendi positivamente sobre o talento de toda a equipe envolvida.
Voltando ao estilo policial, apesar de o filme iniciar sob um prisma absolutamente dramático, este novo trabalho de Eastwood relembra bons passos de Sobre Meninos e Lobos, indiscutivelmente.
O roteiro, muito bem escrito por J. Michael Straczynski, possui alguns altos e baixos, mediando entre a calmaria e a tensão desenvolvida pela estória. A estória conta a situação trágica real que aconteceu a Christine Collins (Angelina Jolie), em que seu filho, misteriosamente, desaparece num dia qualquer. Sob o auxílio das autoridades policiais encontram um menino, que na verdade não é o seu filho. A situação, marcada pela corrupção da polícia, torna-se uma briga pela busca de seu verdadeiro filho e pela manutenção de uma mentira por parte do governo. O mais interessante da trama vem justamente com a introdução de um ato policial, que envolve o sumiço da criança. Até então o filme tinha ares de um desenlace qualquer, o que altera instantaneamente de uma hora pra outra. Não devo me ater a detalhes, eis que poderia estragar o prazer de assistir a esta estória um tanto pesada.
O grande destaque dado pela crítica vem da belíssima atuação de Angelina Jolie. De fato é um grande trabalho, digno de premiações. Porém, ainda que brilhante, a sua interpretação não me convence por completo, soando às vezes a situações forçadas. Parece não ter convencido de forma unânime também aos críticos internacionais de Los Angeles, uma vez que atribuíram o prêmio de melhor atriz a Kate Winslet. John Malkovich é um excepcional ator em qualquer papel que desempenhe, contudo, o seu personagem é bastante restrito na trama, o que faz seu brilho ser, da mesma forma, um tanto apagado. Grande destaque aos demais coadjuvantes, tais como Jeffrey Donovan como o comissário Jones e Jason Butler Harner como o serial killer Gordon Northcott.
A trilha sonora, feita pelo próprio Clint Eastwood, é realmente perfeita. O clima de tensão, diferente de outros filmes, criado pela sonoridade musical juntamente com a recriação histórica de Los Angeles, de maneira realmente esplêndida, planifica o terreno para as mãos pesadas e técnicas do diretor e de um elenco de muito potencial, transformando este trabalho numa obra sensacional e não menos atemporal.
Ainda que não tenha força de receber grandes prêmios, creio que uma indicação de Clint Eastwood novamente à estatueta de ouro de melhor direção não seria nenhum exagero e tampouco desmerecida.
Creio que uma frase de Martin Luther King possa se enquadrar perfeitamente nesta estória. Diz o seguinte: “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”. E, com certeza, Christine Collins, personagem da vida real, enfrentou o que foi preciso enfrentar em busca da verdade, justiça e paz de espírito.
Um filme forte, psicológico como tecnicamente arrebatador, mais pelo talento de Clint Eastwood do que qualquer outra coisa!
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