Collateral: um grande filme de Michael Mann!
Nesse thriller espetacular Michael Mann se sagra um dos grandes diretores da atualidade, principalmente em filmes de suspense/ação. Inegável os pontos positivos desta obra aclamada pelo público e dividida pela crítica.
O roteiro, normalmente escrito pelo próprio Michael Mann como em O Último dos Moicanos, O Informante, Fogo Contra Fogo, é assinado por Stuart Beattie. Muitos apontariam o roteiro como o ponto forte. Na verdade apresenta altos e baixos. Os diálogos envolvendo o taxista Max (Jamie Foxx) e o assassino profissional Vincent (Tom Cruise) são envolventes, fazendo com que o espectador grude na estória e nas cenas. O entrelaçar dos fatos são surpreendentes e arrebatadores como se estivéssemos lendo um livro policial. Resumindo, é um grande roteiro, com grande potencial, apesar do conteúdo clichê.
O talento de Michael Mann na direção me deslumbra os olhos. Pouquíssimos diretores possuem talento tão aguçado com uma câmera na mão. A maestria na busca de tomadas de cenas perfeitas é visível, o que conota um tom absolutamente artístico a essa obra, que na mão de outro qualquer se tornaria somente mais um filme de ação mal aproveitado. Descrevendo de outra maneira, ele possui um estilo único de direção, que se caracteriza pelo visual e que se enquadra quase que num documentário da vida real.
Sou fã de carteirinha de Michael Mann, e não posso negar que toda vez que ela lança um filme novo sou um dos primeiros a ir correndo ao cinema e assistir às suas aulas de direção. Pena ele não ter achado o seu clímax a ponto de ser premiado e ter seu nome marcado na história, contudo, acredito que seja apenas uma questão de tempo.
Outro ponto bastante interessante é a dupla de personagens e os atores escolhidos muito bem pela produção, diretor, ou seja lá quem define. Uma marca bastante presente nos trabalhos de Michael Mann é justamente uma grande dupla de atores, assim como Al Pacino e Robert De Niro em Fogo Contra Fogo, Russel Crowe e Al Pacino em O Informante e Colin Farrell e Jamie Foxx em Miami Vice. Tom Cruise está absolutamente perfeito como o vilão “sociopata” Vincent, aliás, se não me engano, o primeiro vilão da carreira de Cruise. A frieza com que interpreta é incrível. Por outro lado, Jamie Foxx se destaca como o taxista sonhador e perfeccionista Max, aparecendo pela primeira vez num papel de muita qualidade, o que seria corroborado com a atuação de Ray Charles, rendendo-lhe no mesmo ano as indicações tanto para ator principal como para coadjuvante. Mark Ruffalo aparece sem muito brilho como o detetive Fanning, mas Javier Bardem, ainda que apareça em apenas uma cena de mais ou menos 5 minutos, demonstra uma bela participação como o traficante Felix.
Impossível não destacar a trilha sonora, característica de muita qualidade dos filmes de Michael Mann. Bastante eclética, as músicas que trilham o filmes passam por eletrônica, rock, Jazz, entre outras. Talvez uma das mais interessantes trilhas sonoras de filmes que eu já assisti, de uma maneira geral. Fica a dica: vale muito a pena escutar o CD da trilha sonora do filme.
Entretanto, os deslizes da película são notórios. Cenas e partes do roteiro são extremamente clichês, principalmente o final, e derrubam esse que poderia ser um filme de ponta, ou seja, um autêntico cinco estrelas.
Mesmo assim, sou fã deste trabalho de Mann e não me canso jamais de assistir a este filme que é repleto de qualidades artísticas que se sobressaem a qualquer deslize do roteiro.
Uma obra quase impecável, que não vinga por completo pelo seu clichê exagerado!
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