Quando Michael Cera despontou para o mundo em "Superbad" (2007), a indústria logo voltou seus olhos para aquele que deveria encabeçar os grandes filmes almofadinhas desse século e as tentativas de transformar esse garoto em um ator relevante vêm desde "Nick & Norah" (2008). Ainda sobre filmes almofadinhas, eles estão cada vez mais populares, com um público-alvo cativo e fiel. Por causa dele, saíram porcarias como "(500) Dias com Ela" e "Donnie Darko" - que até hoje tentam vender como um filme visionário -, mas também saíram boas e interessantes produções como "As Vantagens de Ser Invisível" e "Juno" - também com Cera no elenco.
Se nesses dois últimos, nós tínhamos uma tentativa séria de contar alguma história; em "Scott Pilgrim", o cúmulo do ridículo foi alcançado repetidas vezes durante os intermináveis 113 minutos de duração, numa das obras mais fétidas dos últimos anos. A trama segue Scott Pilgrim, que se apaixona por uma garota, mas precisa enfrentar seus sete ex-namorados do mal, que possuem super-poderes diferentes.
O roteiro inexistente e muito ruim (assinado pelo diretor Edgar Wright), é lotado de diálogos retardados e situações para lá de fantasiosas que ficariam muito bem num desenho animado; não num filme. Após alguns minutos promissores, o mais perto que o filme tem de roteiro se transforma numa sequência de cenas que beiram o nonsense.
O filme não tem qualquer preocupação em preparar os que o assistem ou tentar fornecer qualquer explicação para a quantidade de retardo mental jogado em tão pouco tempo em tela. Abre-se espaço para personagens com cérebro do tamanho de uma minhoca voando, sendo arremessados contra paredes, destruindo tudo o que encostam, fazendo surgirem espadas flamejantes, usando poderes mentais e tudo mais que a imaginação fértil que predomina nesse tipo de filme permite. O ápice do constrangedor se dá na batalha contra o "ex-namorado vegano".
Sobre o elenco. Difícil até comentar. A maioria dos atores que surgem em filmes bunda-moles acaba migrando para filmes mais sérios a medida que a carreira evolui. Assim fizeram Jonah Hill, Ezra Miller e Jake Gyllenhal. Cera parece cometer o mesmo erro de Zooey Deschanel, que anda mais decadente do que nunca e segue afundando sua carreira em trabalhos medíocres em filmes do gênero. Completam o elenco a inexpressiva Ellen Wong, no papel da namorada chinesa neurótica; Mary Elizabeth Winstead, absolutamente sem sal e há até espaço para Chris Evans, em terrível participação.
"Scott Pilgrim" recebeu excelentes críticas (o consumo por filmes almofadinhas não para), mas (graças a Deus!) deu um prejuízo de mais de U$$ 35 milhões de dólares, praticamente minando as chances de vermos sequências caça-níquéis. Um dos mais tenebrosos filmes da década, sem qualquer sombra de dúvida.
Esse filme é uma das maiores merdas que tivemos no Cinema.