A minha expectativa para assistir O Hobbit: Uma Jornada Inesperada era realmente muito grande e, por isso mesmo, não me contive e tive que ler o livro que inspirou o filme antes. Talvez esteja aí o meu problema com alguns momentos do filme. Todo o universo do filme é consideravelmente mais leve e infantil, até mesmo cômico muitas vezes, onde a idéia central está, não nos relacionamentos dos personagens, mas sim em Bilbo Bolseiro. Trata desse hobbit que tem que lutar contra a sua natureza e embarcar nessa viagem fantástica seguindo o mago Gandalf e mais treze anões que tentem reconquistar sua terra dominada por um dragão. E, no filme, Bilbo toma certas atitudes que vão totalmente contra a natureza desse personagem. Essa barreira da coragem em enfrentar o inimigo bravamente só será quebrada pelos hobbits Frodo, Sam, Pippy e Merry, algumas décadas depois.
E nesse ponto, o filme faz algumas alterações que não chegam a decepcionar, mas deixam uma sensação de que poderia ter sido mais bem feito. Primeiramente, fica claro que a inserção de muitos trechos de O Senhor dos Anéis e outros arquivos de Tolken na história foram feitos com o intuito de prolongar a trama por três filmes. E, para mim, isso não funciona, pois se perde a essência da história, apresentando muitas vezes o ressurgimento de Sauron como essa força que está aos poucos se elevando novamente. O que em alguns momentos sugere uma história em paralelo que no final formará uma única grande história em seis filmes parece mais uma pequena história cheia de remendos para prolongá-la. Pode ser que Peter Jackson me surpreenda e acabe por fechar muito bem essa trilogia, alçando-a a um status diferente do livre, com ares mais sérios, mas pelo que vi nesse primeiro filme creio ser mais fácil essa história paralela se tornar cada vez mais enrolada e sem sentido. Nesse ponto também acho muito prolongada a introdução, apresentando Bilbo já envelhecido e um Frodo visivelmente mais velho do que no final de O Retorno do Rei (único deslize da maquiagem).
Em segundo lugar, introduzir um personagem que simplesmente não existe de forma alguma no livro não tem problema, mas se esse personagem passa a ser o grande vilão do filme (e talvez da trilogia), como é feito com Azog (Conan Stevens) apenas para se ter um vilão, me parece não fazer sentido. Na trilogia de O Senhor dos Anéis, Peter Jackson já havia introduzido o olho de Sauron, mas naquele caso era totalmente compreensível, pois seria extremamente complicada uma trilogia inteira onde o vilão simplesmente não aparece em hora alguma. Porém, nesse filme isso não funciona e não tem razão para existir. Além disso (e talvez esteja aí mesmo minha birra com esse personagem), Azog é extremamente mal feito, em termos de computação gráfica. Pense na sequência fantástica em que Bilbo pega o anel de Gollum e em como nosso amigo azul é ainda mais real que na trilogia anterior. Pense no rei orc que vive no subterrâneo e nos trolls que Bilbo consegue enganar. Esse personagens são muito reais e bem feitos, embora completamente computação gráfica. Agora, nosso pálido orc, principal vilão desse início da trilogia chega a ser bizarro algumas vezes, de extremo mal gosto.
Mas o filme não é um desastre, muito pelo contrário. Eu optei por falar mais a respeito do que me incomodou em certa medida, porém existem vários momentos divertidos e é realmente uma ótima experiência. Em termos de atuações nem tenho o que falar. Ian McKellen como o mago Gandalf continua na medida exara, assim como Martin Freeman (Bilbo Bolseiro), Andy Serkis (Gollum) e Richard Amitage (Thorin). Em termos técnicos, é simplesmente impecável. As cenas de ação são de tirar o fôlego.
Embora o filme tenha me deixado uma sensação de que foi legal, foi bem feito, mas que de alguma forma eu já vi isso em outro lugar, só que muito mais bem realizado, com certeza recomendo.
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