Considero Crepúsculo dos Deuses a maior obra cinematográfica de todos os tempos. Uma obra completa onde tudo é perfeito: as atuações, a direção e o magnífico roteiro.
O filme conta a história de Joe Gillis, um fracassado roteirista de cinema que, pela obra do acaso, acaba conhecendo Norma Desmond, uma megalomaníaca atriz do cinema mudo, esquecida por todos quando Hollywood estava em plena Era do Ouro.
Gloria Swanson, na minha humilde opinião, realiza a maior atuação feminina que o cinema já viu, encarnando o papel quase que auto-biográfico, afinal, Swanson também era uma grande atriz do cinema mudo e agora esquecida. Demos graças a Billy Wilder por ter acertado em cheio na escolha, pois o filme talvez perderia muita força se outra atriz o tivesse feito. Gloria interpreta Norma usando trejeitos e expressões propositadamente exageradas, combinando assim com seu trabalho no tipo de cinema em que era estrela. Willian Holden também está ótimo como o roteirista Joe Gillis, conciso e frio, que vê em Norma uma possiblidade de finalmente escrever um roteiro reconhecido, e claro, a megalomaníaca atriz também vê em Joe uma oportunidade de voltar às telas, ainda que seja num papel falado. Isso porque Norma, assim como muitos atores, atrizes e diretores na época de transição do cinema mudo para o falado valorizavam muito mais o cinema em sua época muda, declarando até mesmo que o novo cinema não daria em nada, falar era vulgar. Porém ela vê que o tempo não pode mais voltar e assim pede a Joe que continue e melhore um roteiro já começado por ela mesma, onde ela faria o papel de Salomé.
Porém, a medida que o filme vai se desenrolando, nos damos conta de toda a insanidade que cerca a mansão de Norma, em Sunset Boulevard. É claro que logo nos primeiras cenas já temos uma idéia parcial do que está por vir, principalmente na cena onde Joe chega pela primeira vez à mansão de Norma, mas as ações da atriz vão se tornando cada vez mais absurdas ao longo da projeção, e Joe vai perceber arduamente que nada seria tão simples como parecia.
Outro que brilha nessa obra é Erich von Stroheim, que interpreta o criado e algo a mais de Norma, Max von Mayerling. Muito interessante também a escolha dele para esse filme, pois Eric já tinha dirigido filmes mudos, inclusive filmes estrelado por Gloria Swanson, e como Swanson, já era carta fora do trabalho.
E claro, não poderíamos esquecer o maestro dessa orquestra, o grande diretor (seguramente um dos cinco melhores de Hollywood), Billy Wilder. Realizador de outra obras-primas como Se Meu Apartamento Falasse, Pacto de Sangue e a Montanha dos Sete Abutres, Wilder comanda sua maior obra de uma forma espetacular, em nenhum momento o tornando cansativo ou irreal, mas sim criando uma bizarrice deliciosa e genuína.
Crepúsculo dos Deuses possui várias cenas e frases que se tornaram marcantes, e particularmente, considero a cena final a melhor cena cinematográfica já feita, um final megalomaníaco e digno de pena, assim como a grande estrela Norma Desmond.
Apenas uma última observação: Gostei muito da tradução do título do filme aqui no Brasil, um título que realmente faz jus ao filme.
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