Os musicais de Minnelli são conhecidos por sua leveza, simplicidade e canções que, ao meu ver, não são muito marcantes, mas não deixam de ser adoráveis. Agora Seremos Felizes é um desses casos, um musical descontraído que tem Judy Garland como seu melhor atrativo.
Vamos a história: Esther (Garland) é uma das quatro irmãs de uma típica família americana, eles vivem em St. Louis e o ano é 1903, ela é apaixonada por seu recém-chegado vizinho e sua irmã mais velha, Rose, está esperando um pedido de casamento, há também a irmã mais nova que parece adorar a cidade mais do que os outros, embora ela consiga ser insuportável na maior parte do filme (tenho a impressão que a dublagem ajudou nessa questão), porém tudo muda quando o chefe da família decide, por razões de trabalho, se mudar para Nova York.
O enredo é bem simples e por se tratar de um musical, consequentemente não é bem desenvolvido. Os filmes musicais de Minnelli tem o desenvolvimento ainda mais simplório do que o esperado, mesmo quando falamos desse tipo de gênero. O romance entre Esther e seu vizinho é bastante sem sal, e não há nenhum conflito propriamente dito. A trama é mais um pretexto para os números musicais, que por sinal são bem agrádaveis, canções como 'Meet Me in St. Louis, Louis', 'Have Yourself a Merry Little Christmas ' e principalmente 'The Trolley Song' fazem a película valer a pena, e claro, a encantadora Judy Garland no auge de sua beleza. Foi nesse filme que Minnelli conheceu a atriz, que se tornaria sua esposa.
Apesar de simplicidade, é impossível não deixar de admirar o charme desse musical da Era de Ouro de Hollywood, assim como outros do diretor: "Gigi", "Sinfonia de Paris" e "A Roda da Fortuna" não são obras-primas, pelo menos não se comparados a obras como "A Noviça Rebelde", "Cantando na Chuva" e "My Fair Lady", (nesses três últimos musicais é possível guardar no mínimo uma canção depois de assistir pelo menos uma vez, o que eu já acho mais difíceis nas produções de Minnelli), mas o espectador sente o amor com o qual essas produções foram feitas, é uma sensação que nunca será sentida nas obras atuais (nem nos musicais), existe uma mágica inexplicável nessa época do Cinema.
É também interessante notar um aspecto histórico no filme: quando a família descobre que irão se mudar para Nova York, ela fica apreensiva pelo fato das pessoas de lá morarem em "apartamentos apertados", bem diferente das casas espaçosas de St. Louis, Nova York já parecia uma 'loucura' em 1903! Imaginem essa família transportada para os dias atuais?
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