Um Crime de Mestre é um filme que consegue manipular o público usando todas as ferramentas que um filme policial tem ao seu alcance. Mas não considere isso como uma falha, muito pelo contrário, se um filme consegue, de uma forma ou de outra, deixar o público interessado na trama ele já merece elogios. Porém, Um Crime de Mestre é bem diferente do que eu imaginava... Apesar de chamar atenção com sua trama “bem bolada” e seus bons momentos de suspense, o filme mais parece um especial de CSI: Investigação Criminal, já que o roteiro apresenta um novo obstáculo para o personagem principal á cada 15 minutos.
O filme conta a história de Ted Crawford um homem rico que atira em sua mulher após descobrir que esta estava o traindo. Sem provas suficientes para prendê-lo, o promotor interpretado por Ryan Gosling terá que usar todas as testemunhas, câmeras, fotos e fatos que tem ao seu alcance para conseguir incriminar o assassino.
Uma trama no mínimo interessante, que convenhamos poderia ter rendido um filme muito melhor. Não estou dizendo que Um Crime de Mestre seja um filme ruim, muito pelo contrário, o roteiro se mostra interessado em seus personagens e em sua história, mas que não tem absolutamente nada de novo.
A história é absurdamente arrastada, nada de muito preocupante, já que temos vários filmes de tribunais muito mais cansativos que este, o problema é que os roteiristas mesmo preocupados não conseguem suas reviravoltas, e muitas coisas que acontece na tela soam forçados e tolos, incluindo sua conclusão, que mesmo sendo lógica e “surpreendente” deixa tudo em aberto, fazendo do que vimos até ali algo inexistente.
Mesmo que o roteiro não consiga construir uma história uma história ágil, ele também merece alguns elogios, os diálogos são ótimos (principalmente na conversa final entre o mocinho e o vilão), temos também alguns momentos inteligentes e que á cima de tudo, fazem sentido dentro da lógica da trama, além disso, algumas das reviravoltas são fenomenais e fazem o expectador ficar na expectativa do que virá á seguir, e é aí que você encontra a decepção.
A direção de Gregory Hoblit é ótima, já que a forma que o diretor trata as situações de maneira realista e fria, além disso, o clima de “filme de tribunal” se estabelece em quase todo o filme, um clima realista, mas que desaparece quando nós mais precisamos dele: No Clímax.
Por fim, chegamos á parte mais curiosa de Um Crime de Mestre: Os personagens dessa história e quem os representa. Merecendo o título de um dos pontos altos da produção, Ryan Gosling dá vida á um personagem extremamente arrogante e que parece perdido na maior parte do filme, mas que consegue fazer com que o público torça para que ele atinja seus objetivos, sem ter que cativar o expectador com simpatia e ingenuidade.
Mas tenho que admitir que a maior surpresa – pra mim – foi a atuação de Anthony Hopkins, não que o ator esteja ruim, pois Hopkins tem experiência em fazer assassinos psicopatas, e esse é um problema dos grandes. Parecendo uma versão não-canibal de Hannibal Lecter, Crawford se mostra um vilão cansativo e por mais inteligente que seja, jamais apresenta um objetivo palpável para estar fazendo tudo aquilo. E é uma pena, pois algumas de suas falas são simplesmente memoráveis (Até um relógio com defeito, está certo duas vezes por dia).
Trazendo ainda a falha boba de não mostra nenhum tipo de profundidade dentro dos diálogos entre seus personagens, o que não acontecia em momento algum em O Silêncio dos Inocentes, e isso enfraquece – ainda mais – a construção e desenvolvimento de seus personagens.
Mesmo com toda sua parcela de defeitos e falhas, Um Crime de Mestre pode sim ser considerado um longa á cima da média, tem ótimos momentos, um elenco que protagoniza algumas cenas boas, mas eu tenho que admitir que esse é um dos piores tipos de filme: Aquele que cria uma expectativa e destrói ela com toda a força, da forma mais brutal e doída possível.
No geral Um Crime de Mestre é um filme policial sem ação e que tenta apelar para inteligência, mas que na verdade não aguça nem desrespeita o cérebro de quem está assistindo, uma obra eficiente, mas bastante decepcionante.
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