Aluguei ''Meia-Noite em Paris'' meio desacreditado. Woody Allen é um dos diretores mais famosos do mundo, porém nunca me conquistava. Comecei a assistir à sua filmografia por ''Vicky Cristina Barcelona''. O nome me interessou, o filme estava sendo bem-falado e acabei comprando o ingresso. Quanto ao longa, achei um tédio.
Daí veio o também elogiado ''Match Point'', um filme bonzinho, entretanto blasé. A minha terceira tentativa veio com ''Tiros na Broadway'', que talvez seja o meio termo. O filme mesmo, é fraco. Mas com tantas atuações fortes e memoráveis, é difícil dar um dislike. E então, depois de muita enrolação, desculpas e temor... Assisti à ''Meia-Noite em Paris''. E gostei.
O filme conta a história de Gil (Owen Wilson, em uma, quem diria, atuação convincente), que é apaixonado por Paris e que está prestes a se casar com Inez (a sempre eficiente Rachel McAdams). A ''ação'' começa mesmo quando Gil, bêbado, resolve caminhar pela cidade e recebe um convite de dois estranhos para entrar em seu carro e ir a uma festa (é, ele aceita). Daí, por um motivo inexplicado (e, no fim, irrelevante), ele acaba sendo levado de volta aos anos 20 (época que sempre glorificou como os melhores anos da história) e encontra, na tal festa, seus ídolos literários, artísticos e cinematográficos.
São os Fitzgerald de um lado, Picasso de outro, os Hemingway ali na ponta e até Buñuel. O mais notável é que esses astros não soam exatamente clichês (exceto o Dalí de Adrien Brody), como visto em ''Uma Noite no Museu 2'', que usa e abusa do pré-conceito para criar seus ''seres-estátuas''; as personagens mesclamo o que se sabe deles por biografia com um algo a mais, um toque original. E é nesse enredo que mistura cinema, história e psicologia que o filme se desenvolve.
No campo das atuações, destaque para a sempre bela e oscarizada Marion Cotillard, a também oscarizada Kathy Bates e os já citados Wilson e McAdams. O roteiro é bem-produzido, com alguns diálogos brilhantes. E Allen, isso é inegável, é um ótimo diretor e que sabe transformar Paris de bela em deslumbrante, através de sua lente (o que são aquelas imagens iniciais?! Lindas.). Mas o mais importante e digno de nota é a mensagem: valorize o presente e pare de querer ter vivido em outra época, porque lá, segundo Allen, eles viam suas vidas, tal qual você vê a sua: parte de uma geração inútil.
O filme é eficiente, mistura inteligência e os clichês que caem rápido no gosto do público, mas que aqui, não se tornam bregas. O que faltou, talvez, foi um pouco de coragem. Uma ideia tão inspirada poderia ter rendido algo ainda maior, Allen quis apenas entreter, fazer ''arte''. Com um pouco mais de força teria criado, quem sabe, um clássico do novo milênio, e não um bom coadjuvante.
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