Triângulos amorosos não são novidades no cinema (o que os coloca, automaticamente, na categoria de clichês). A saga Crepúsculo, atualizando esse dilema milenar, arrebatou platéias jovens em todo o planeta. A disputa sobrenatural pelo coração da protagonista Bella, além de ser responsável pelo recorde de público no Brasil em 2011 (6,9 milhões de espectadores), reacendeu um romantismo conservador e démodé, portador de, entre outras agruras, um machismo velado.
Há um filme que tem exatamente esse nome: Triangulo Amoroso (2010). A tradução do título não foi fiel (3, no original alemão, ou Drei, escrito por extenso) e faz um certo spolier, mas nada que o longa não consiga superar. Diferentemente dos vampiros e lobisomens adolescentes, Triângulo Amoroso conta uma história cheia de nuances e que levanta muitas questões sobre a natureza dos relacionamentos e dos seres humanos, e o faz de maneira leve e natural. Personagens quarentões e atores alemães desconhecidos do grande público podem afastar os caça-blockbusters, mas devem atrair os demais.
Assim como em A Pele que Habito (2011), toda informação prévia sobre o filme corre o risco de tirar o poder de surpreender e arrebatar que a obra tem. Entretanto, como o próprio título brasileiro já adianta alguns acontecimentos, vou me ater a comentar o que já foi dito pela tradução. Exatamente como quase todos os filmes sobre o assunto, Triangulo Amoroso coloca os conceitos de monogamia e paternidade em cheque. Ao contrário da maioria, que para nessa discussão, aborda também sexualidade, determinismo biológico, eutanásia e etc.
Para dar ainda mais predicados ao filme, o diretor, Tom Tykwer, é o mesmo de Perfume (2006) e do excelente Corra, Lola, Corra (1998). A bela cena inicial, um balé de dois homens e uma mulher, condiz com a proposta vanguardista que o diretor leva ao longo de 119 minutos até a cena final, na qual há uma referência, digamos, à fertilidade. Existe até uma homenagem discreta a Alfred Hitchcock, de quem Tywer é fã confesso.
A trilha sonora, edição e enquadramentos chamam atenção pela estética e o desempenho dos atores é um dos pontos mais altos do filme. Corram, cinéfilos, corram.
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