Este texto é um esclarecimento e por essa razão tem muitos spoilers. Quem for ler e ainda não tiver assistido Prometheus (Prometheus, 2012, EUA), esteja avisado. Desde Alien, O Oitavo Passageiro (Alien, 1979, EUA) todos buscavam explicações para os acontecimentos anteriores a 2122, ano em que a tripulação da nave Nostromo chegou à lua LV-426. A ação de Prometheus se passa, na maior parte do tempo, em 2093, 29 anos antes de Alien e explica algumas das questões que ficaram no ar desde então. Explica, mas também traz novas dúvidas. O lançamento de Prometheus foi cercado de expectativa, entre outras razões, porque o longa seria dirigido por Ridley Scott, que também foi responsável pelo primeiro produto da franquia, hoje alçado à categoria de clássico de ficção científica. Vale lembrar que na mitologia da série não estão incluídos os filmes Alien vs Predador (Alien vs Predator, 2004, EUA) e Alien vs Predador 2 (Alien vs Predator: Requiem, 2007, EUA).
Prometheus, embora se resolva em si mesmo (na medida do possível), é muito mais legal e, ao mesmo tempo, frustrante se visto por um espectador que assistiu, pelo menos, ao primeiro Alien. Mais legal, por quê? Porque no primeiro filme de Scott, algumas das questões levantadas dizem respeito ao corpo de uma espécie de gigante (o Space Jockey, como foi apelidado) achado sentado em uma cadeira dentro de uma nave, em perfeito estado de conservação, com algo parecido com uma bazuca à sua frente. Em seu peito havia uma abertura que aparentava ter sido feita de dentro para fora. Esse foi o cenário encontrado em 2122 pelos tripulantes da Nostromo. Não longe dali, Kane, o primeiro oficial da nave, ao entrar em contato com um dos ovos do monstro, se tornaria hospedeiro do que mais tarde reconheceríamos como o Alien. O próprio diretor, em entrevista, disse que as perguntas que norteariam o filme que precede esses acontecimentos são: Quem estava sentado naquela cadeira? Quem mais estava naquela nave? Por que aquela carga? Para onde ela estava indo?
Ridley Soctt prometheus e cumprius (:D). De acordo com o novo filme que, como dito acima, se passa aproximadamente 30 anos antes, o Space Jockey é uma espécie humanoide agigantada chamada de “engenheiros” pelos personagens. Era um desses seres que estava naquela cadeira e a “bazuca” à sua frente era, na verdade, um dispositivo de comando para uma nave. Havia outros no mesmo local, mas todos acabaram morrendo. A tripulação de engenheiros pretendia ir à Terra destruir os humanos que, segundo podemos depreender da cena inicial, eles mesmos tinham sido responsáveis por criar. Nesta cena, um desses humanóides bebe um líquido preto, se desintegra aos poucos e o seu DNA fragmentado, misturado aos elementos do planeta onde estava (a Terra?), acaba gerando outras celulas vivas. Não fica claro se isso foi feito deliberadamente ou não. É bem verdade que a teoria de Prometheus para a criação da vida em nosso planeta agride o darwinismo, como é lembrado no próprio filme pelo personagem do biólogo. Porém, dado que este mesmo personagem morre violentamente sem se aprofundar na relação que os engenheiros teriam, ou não, com a vida na terra, podemos entender também que Scott não está nem aí para Darwin. Esses nossos ancestrais pretendiam nos destruir trazendo à terra uma carga com milhares de recipientes contendo um líquido-preto-viscoso-altamente-contagioso-e-mutante que, em contato com outros seres tem o potencial de transformá-los e até matá-los. A equipe de desbravadores espaciais, ao se dar conta disso e na iminência de que esse plano fosse levado a cabo por um engenheiro sobrevivente, se sacrifica e destrói a nave alienígena evitando assim a iminente extinção humana.
Sobre o líquido, que é o mesmo que o engenheiro da cena inicial toma, há ainda uma consideração. A presença da nave Prometheus e dos seres humanos naquele ambiente intocado alterou a atmosfera do local e fez com que o líquido que estava quietinho dentro dos vasilhames derretesse e entrasse em contato com as minhocas do solo. Esse fato pode ter transformado as inofensivas minhocas em uma espécie de naja-albina-constritora. Entretanto, os efeitos são diferentes conforme a forma de vida que entra em contato com o líquido. O infográfico.
Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas realmente... Aí vem a parte frustrante. O problema todo é que a lua em que a tripulação da Nostromo encontrou o corpo do Space Jockey em Alien era chamada LV-426. A tripulação da Prometeus, 29 anos antes, pousa em uma lua chamada LV-223. Isso quer dizer que, os eventos que se passaram em LV-223, não se conectam diretamente a história contata em Alien. Portanto, o esclarecimento sobre as intenções do engenheiro encontrado morto, e que pensamos que fosse o mesmo de Prometheus, são apenas conjecturas não comprovadas (como lidar?). O diretor diz que há ainda outros dois filmes a serem feitos antes que as narrativas cheguem a um encaixe perfeito. Tomara que a indústria financie esses projetos, senão levaremos para o túmulo a curiosidade e o suspense gerados pelo longa. Antes que eu me esqueça, nota 7, mas só porque eu estou dando um voto de confiança para Ridley Scott.
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