Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual
Meu momento de fascínio pela Argentina, aliado à falta de ingressos para 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, me levou a assistir Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Digital (Medianeras, Argentina, 2011). Não prestigiar a Mostra não poderia ter sido melhor. Medianeras consegue a árdua missão, especialmente para uma comédia romântica, de pertencer a esse gênero sem ser óbvio, de ter bom gosto sem ser pedante e de ser delicado sem ser meloso.
Retratando criticamente uma Buenos Aires caótica e desordenada, o diretor Gustavo Taretto consegue, ainda assim, fazer uma crônica de amor pela cidade e entre os personagens. A capital argentina, segundo o próprio longa, uma cidade super povoada em um país deserto, é, ao mesmo tempo, o muro que separa e a ponte que une corações apaixonados, atormentados e solitários. É um tratado sobre o amor contemporâneo, mediado pelo excesso de informação e mergulhado na falta de comunicação. Protagonizado por personalidades que padecem das inseguranças da pós-modernidade, o filme, assim como os próprios personagens, debocha de si mesmo com leveza e acidez.
Simpaticíssimos e charmosos, os atores que vivem a dupla principal não dão sequer um beijo durante o filme inteiro, mesmo assim, o espectador tem certeza de que eles nasceram um para o outro. O rapaz, um neurótico desenvolvedor de sites, ela, uma arquiteta frustrada. Aliás, a internet e a arquitetura são algumas das linguagens bem traduzidas e representadas em Medianeras.
Menção honrosa para as referências à cultura pop: Guerra nas Estrelas, Onde Está Wally, O Estranho Mundo de Jack, Woody Allen, MC Donalds (este último, não sei se posso considerar como cultura; o anterior, tenho dúvidas se é pop). O fato é que não faltam motivos e bons exemplos para comprovarmos a qualidade do cinema de nossos vizinhos.
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