Reality shows me interessam. Na televisão, embora eu tenha parado de assisti-los depois que um indivíduo que atende pelo nome de Marcelo Dourado ganhou uma das edições do BBB, admito que acompanhei alguns realities, uns com mais, outros com menos interesse.
Digressões à parte, Os 3 (Os 3, Brasil, 2011), filme nacional dirigido por Nando Olival, usa o formato reality show para contar uma história que aborda os limites da privacidade e questiona quem somos a partir do momento em que sabemos que estamos sendo observados. Em Os 3, três jovens recém-formados (trio de bons atores, aliás) aceitam transformar seu apartamento em um BBB patrocinado por uma loja de departamentos para não terem que se separar com o fim das atividades acadêmicas.
Tudo ocorre relativamente bem até que, em nome da audiência e das vendas do patrocinador, eles resolvem interpretar um triângulo amoroso. É nesse momento que os papéis começam a se confundir e não está mais claro, para nenhum deles, até que ponto os companheiros estão sendo sinceros ou, literalmente, fazendo cena. Embora oficialmente não haja votação nem paredão, um a um, os participantes vão sendo eliminados. Tal qual no jogo da TV, os desistentes são substituídos, mas nesse reality, seriam as pessoas substituíveis? No palco da vida ao vivo eles veem seus sentimentos e, consequentemente, suas fraquezas, fragilidades e rivalidades expostas.
Há um tom de comédia e drama no ar que funciona bem. A tensão sexual que se instala desde o começo do longa também é interessante e se deve, em grande parte, ao entrosamento do trio principal Juliana Schalch, Gabriel Godoy e Victor Mendes. Nosso cinema, normalmente tão abarrotado de narrativas da pobreza e da miséria, mostra que olhar para dentro das relações e das pessoas também resulta em bons filmes.
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