Destruição em massa... Cerebral, auricular e criativa.
Se Michael Bay acertou alguma coisa na adaptação de Transformers para os cinemas foi sem dúvida no primeiro longa da série. Ok, sejamos agora mais claros, o ÚNICO mérito da franquia fica restringido ao filme de 2007. Lá, Bay conseguia balancear muito bem situações cômicas com boas cenas de ação, sendo esta ligação proporcionada graças, primeiro, a um roteiro que sabia muito bem de suas limitações; e segundo, o fator primordial para aquele sucesso: A falta de exageros, uma ligeira surpresa vindo de Michael Bay.
Pois bem, Transformers: O Lado Oculto da Lua consegue reunir todos os exageros possíveis que um (medíocre) longa de (comédia?) ação poderia apresentar.
‘Todo o elenco parece ter dormido com o Bozo’ diria minha avó, e isso não é um absurdo, já que praticamente todos tentam soltar suas piadas e situações hilárias, até mesmo os robôs... Sim, agora nós temos a companhia de dois robôs anões fugitivos da Praça é Nossa de Cybertron, que consequentemente não acrescentam absolutamente nada a trama central e pra piorar, a todo o momento tentam uma forçada risada do público, que no máximo irá esboçar uma risada amarela de constrangimento. Traçando um paralelo direto com Transformers 1, apenas Shia LaBeouf nos proporcionava situações do tipo, e por serem sempre pontuais diante a aventura que seu personagem acabara de adentrar, o resultado era muito eficiente, tanto é verdade que quando Anthony Anderson e John Tuturro tentavam algo do tipo, logo notávamos um distanciamento do restante da película.
Em Transformers 3, o constrangimento transborda em diversas oportunidades. John Malkovich é um ‘super-dono’ de uma mega empreiteira que se preocupa mais com as cores de seu ambiente de trabalho do que propriamente em quem sua firma contrata. Frances McDormand para uma, abre exclamação bem forte como Michael Bay adora, ‘Secretária de Defesa dos Estados Unidos da América’ está pouco ligando para a disputa entre Autobots e Decepticons e os prejuízos desta disputa, basta ela não ser chamada de ‘Senhora’, aí tudo bem... Tendo como o cúmulo dessa crise de identidade entre comédia ou ação, quando observamos a participação do Mr. Chow (Ken Jeong) de Se Beber, Não Case, repetindo praticamente o mesmo papel.
Em vista de tudo isso, poderíamos tomar uma breve e rápida conclusão: ‘Ah já sei, o filme não vai se levar a sério!’ Mas não... não... Você também estaria, infelizmente, equivocado. Michael Bay parece mesmo em sua sã consciência (dúvidas brotando) acreditar que essa aberração de história deveria ser encarada com seriedade, afinal, o megalomaníaco por explosões conseguiu convencer e trazer de volta o roteirista do segundo longa, Ehren Kruger, que se esforça para armar uma história estúpida que imagina fielmente ser inteligente... O roteiro busca em questões como a viagem do homem a lua, que me desculpem, parece mais um acariciamento ao ego norte americano do que propriamente uma importância narrativa, até reviravoltas em sua trama, entretanto, ao mesmo tempo em que o roteiro tenta essas ‘saídas de alto QI’ esbarra no romancizinho de Shia LaBeouf, em diálogos sofríveis e também na obviedade em suas resoluções.
Exageros cá, exageros acolá, porque não nas cenas de ação certo? Exato! O clímax que certamente te fará ter um ataque epilético, não se preocupa em destruir toda Chicago, nos trazendo sempre um questionamento: Se os Autobots querem tanto salvar os humanos, porque raios permanecem em um lugar super habitado e, além disso, em destruir 35 prédios por minutos? Ah sim, grande heróis são vocês...
Michael Bay utiliza todo seu arsenal de câmeras giratórias, trepidantes, voadoras e explosivas para fazer com que sejamos compensados com os 90 minutos de baboseira que fomos obrigados a escutar, mas não adianta, as cenas de ação, salve uma ou duas passagens, são horríveis.
Mas vocês devem estar se perguntando, os efeitos visuais compensam não é verdade? O 3D? Para começar, o 3D como 99% das vezes, é totalmente dispensável... Já os efeitos visuais, vejamos, se uma produção não tiver bons efeitos visuais com um orçamento de 195 milhões de dólares, certamente seus produtores (que com muito pêsame vejo o nome de Steven Spielberg envolvido no projeto) deveriam ser investigados por lavagem de dinheiro ou algo do gênero... Os efeitos, é claro, são super modernos, mas nada de novo, tudo da forma que já conhecemos. Nada que valha o preço de um ingresso.
Shia LaBeouf mais uma vez é o que de melhor há em Transformers. Aqui, apesar de um começo mais leve com algumas piadinhas, ele procura dar um teor de dramaticidade maior que suas performances anteriores. A desconhecida Rosie Huntington-Whiteley não consegue nem chegar perto do carisma e sensualidade que Megan Fox proporcionava nos longas anteriores (no primeiro principalmente). Josh Duhamel, Tyrese Gibson e John Turturro voltam ao elenco, que agora tem a companhia de figuras conhecidas como John Malcovich e Frances McDormand.
Tão irritante quanto todo o resto de filme, encontramos na mixagem de som um pavoroso exercício de ‘Como Destruir seus Tímpanos em 155 minutos’... Cheguei a pensar que deveria ser o cinema que deixou o som muito alto, mas não, somente nas cenas em que os robôs se transformavam; ou seja, o filme todo; escutávamos um som de solda de ferro de ensurdecer qualquer um.
Ao término do filme, no momento em que devolvemos os óculos 3D, deveríamos na verdade receber de presente um aparelho auricular, tamanho é o escândalo sonoro que a mixagem de som nos proporciona.
Não economizando em destruições aleatórias, Tranformers: O Lado Oculto da Lua é de fato o pior filme de franquia que parece não ter noção das inúmeras idiotices reunidas durante suas cansativas duas horas e meia de duração. Não só deixa de funcionar como um longa de ação, como também tenta divertir seu público com piadas babacas e forçadas. Ora, se anteriormente chegamos à conclusão que o melhor de Transformers era a mescla de ação e comédia, e agora observamos que nenhum desses dois elementos funciona, o que resta? Megan Fox? Não. Um visual primoroso? Outros tantos também possuem. Criati...vidade? Claro que não. Destruição? Ah sim, isso sim, destruição é o que não falta, e não me prendo apenas aos prédios americanos, seu tímpano e o restante do seu cérebro hão de me confirmar.
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