"Okja" é um filme cuja apreciação depende diretamente da compreensão e aceitação do seu caráter de fábula contada sob uma perspectiva infantil, caráter esse que vem acompanhado de alguns "defeitos", como o plot excessivamente mastigado e quase sempre raso em sua moral e as personagens caricaturais, tão nuançadas quanto protagonistas e vilões de Malhação.
Dentro de sua proposta, porém, o trabalho de Bong é digno de nota.
Em sua segunda incursão no cinema dos EUA, o coreano volta a oxigenar a forma de se fazer cinema comercial no país, conduzindo seu filme quase sempre um tom acima do convencional e garantindo não só o vínculo emocional do espectador para com a história, mas também uma bem vinda contundência gráfica e de discurso no terceiro ato - apesar do já referido curto alcance de sua "crítica" à lógica do mundo corporativo, em geral, e da indústria alimentícia, em específico, se é que de crítica pode ser chamada -, tudo entremeado com um humor excêntrico que, se por vezes simplesmente não funciona, em alguns momentos beira o genial - toda a ideia do funcionário da corporação prestes a ser demitido, por exemplo, é espetacular em conceito e execução.
Cativante, bem realizado e por vezes certeiro, "Okja" definitivamente não é um filme comercial comum, mas é, sem dúvida, recompensador para aqueles que se entregam ao cinema proposto por Bong.
PS: Tem cena pós-créditos, e ela, apesar de não acrescentar nada à trama, é bem bacaninha. Vale ver.
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