A nova incursão do Homem-Aranha no cinema tem dois grandes trunfos.
O primeiro é o fato de o roteiro propositalmente adotar uma escala menor em relação aos demais do estúdio, o que garante, ao menos em sua primeira metade, uma atmosfera leve de cinema adolescente e um humor genuinamente orgânico e eficaz, por incrível que pareça.
O segundo é o tratamento dado ao antagonista, que só por contar com um arco factível e motivações compreensíveis, embora jamais exploradas para além de jargões, é mais digno do que a média do subgênero.
Além disso, o filme de Watts - se é que se pode dizer isso - em nada difere da identidade - ou falta de - estética opaca da Marvel, com visual e sequências de ação absolutamente genéricas e esquecíveis, o que, se não é uma virtude, ao menos é um acertado distanciamento da estética de vômito de criança misturado com clipe de Coldplay - o que tá longe de ser um elogio - do último filme do estúdio.
O grande problema, aqui, é que em sua segunda metade "Homecoming" faz questão de lembrar o espectador a todo instante de que se está assistindo a um filme da Marvel Studios, tentando, como de costume nos filmes do estúdio, inserir humor de maneira artificial em sequências que tinham potencial para algo mais. A título de exemplo, há, em certo momento, uma virada realmente funcional na trama, mas o filme não a explora por mais do que 2 minutos e já parte para fazer comédia com a situação, quando, por mais que a cena realmente se torne engraçada, ela poderia se tornar memorável caso a abordagem fosse outra. Tudo isso sem falar das sempre constrangedoras "piadas" autorreferentes.
No fim das contas, apesar dos problemas em sua segunda metade, "Homecoming" garante um bom divertimento passageiro e vale o ingresso. É um dos melhores filmes do famigerado universo cinematográfico da Marvel, mesmo que isso não queira dizer muita coisa.
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