Um sopro criativo de Mary harron. A cineasta de pouquíssima projeção traz às telonas uma reunião de bons atores, bom roteiro, boa fotografia, boa continuidade, enfim, bom cinema. Apesar de seu relativo sucesso, Psicopata Americano não chega a ser um grande cult. Talvez por não ter um grande orçamento, ou quem sabe por não estar em mãos de um grande diretor, que poderia dar ao filme um toque único. Mas como não contemplar o trabalho desta canadense que filmou o longa tido como infilmável? Só para constar, o polêmico Oliver Stone, que seria o diretor inicialmente, pulou fora do projeto.
A grande proposta do filme é fazer um retrato abstrato das futilidades de jovens ricaços americanos. Quando a geração yuppie ainda não estava na iminência de dominar o mundo dos negócios, Patrick Bateman (personagem de Christian Bale) e seus amigos já gozavam do melhor que o dinheiro pode oferecer. A cada reunião do grupo, sejam na empresa ou em outros lugares reservados a classe alta, faz-se uso de um grande disfemismo visual. A trama se desenrola a partir da narração psicótica de Bale sobre o seu meio social. Um meio onde a maior preocupação cotidiana é conseguir reservas em restaurantes caros, freqüentar festas noturnas, vestir os melhores ternos e ter os cartões mais bonitos.
Quando Patrick Bateman se vê superado por Paul, personagem de Jared Leto, que consegue um cartão mais bonito que o seu, dá início a uma série de homicídios. Assassina seu amigo a machadadas e forja a viagem dele ao exterior. É então que entra em cena Willem Dafoe, na pele de um detetive completamente desinteressado no assunto, que vê na investigação uma ótima oportunidade de conhecer pessoas de nível. O que acontece a partir daí, torna-se cada vez mais absurdo. Deixando seu rastro completamente a mostrar de quem quiser vê-lo, Bateman não chega sequer a ser suspeito de seus crimes. Todos ao seu redor têm olhos apenas para sua beleza, dinheiro e status. Ao fim a loucura dele irrompe ao máximo, fazendo com que não saibamos separar o que foi real e o que foi imaginário. E, mais uma vez, o personagem título sai ileso a tudo.
A grande jogada do filme é fazer uma sátira séria da vida real. Decepciona a quem esperava ver um serial killer hábil e insano, inatingível pela polícia, como se vê aos montes por ai. Outro ponto negativo é a má utilização do elenco, enquanto Bale é explorado ao máximo, outros astros como Reese Witherspoon fazem praticamente pontas. No fim das contas, o saldo do filme é positivo. Recomendado para os amantes de um protagonista interessante, quase memorável.
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