Não me parece tão simples analisar um filme como Dente Canino. Me parece nítido que estamos falando de um filme altamente original e que sim, tem muito a dizer, mesmo que se utilize de algumas ferramentas um tanto forçadas para tal.
Por um lado , o retrato que Lanthimos tece sobre a forma de criação/adestramento das crianças em nossa sociedade é instigante e altamente válido. Lanthimos traz questões relativas ao despreparo dos pais na condução da formação do caráter e entendimento de mundo dos filhos. No fundo, lançamos à sociedade crianças ingênuas, com total desconhecimento sexual, altamente competitivas e também com resquícios e vertigens dos medos que o outro lado do muro nos proporciona, além da alteração do sentido de palavras sem propósito algum. A relação claustrofóbica entre a segurança domiciliar em contra-partida ao mundo que prende e enclausura da mesma forma(cena do porta-malas) traz à tona questões relativas à liberdade que podem instigar uma discussão interessante e uma crítica válida em todos os pontos que toca.
Agora, por outro lado, não podemos dizer que Lanthimos também prima pela sutileza. Estamos falando de um filme feito simbologias ou metáforas um tanto óbvias e que são jogadas ao espectador da forma mais crua e escancarada possível. Algumas cenas também me parecem desnecessárias e parecem ter o único objetivo de chocar ou parecerem doentias.
O fato é , Dente Canino vai permanecer na minha lembrança durante um bom tempo tanto pela sua discussão instigante , sua bizarrice e também pelo seu exagero. Enquanto isso tomo um tempo para definir o quanto gostei do filme.
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