O novo filme do premiado cineasta Alejandro González Iñárritu, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2011 e que recebeu diversas nomeações nas mais variadas premiações dessa temporada volta a tocar em um tema sempre recorrente na filmografia do diretor, a dor.
Desde os primeiros minutos o espectador é levado por uma sensação de desconforto que só aumenta com o passar do filme, seja pelos cenários e ambientes extremamentes pobres, destruídos, precários e tristres ou pelos personagens com suas dificuldades e sofrimentos tanto de sobrevivência e especialmente nas relações humanas entre eles refletidas nos rostos cansados e sem esperança de cada um.
O diretor falha em alguns momentos por se desviar no que o filme têm de melhor, o seu protagonista, e dando muita atenção a sub-tramas bem menos interessantes e no desenvolvimento ou falta desenvolvimento de outros personagens. Coisa que ele já fez muito bem em outros filmes com muito mais personagens como o excelente Amores Brutos e nos bons 21 Gramas e Babel.
Focando na família do protagonista, interpretada de forma impecável pelo ótimo Javier Bardem, mostra o difícil dia-a-dia dele, seus filhos, ex-mulher e irmão.
Tendo que viver e sobreviver através de comércios ilegais. É um personagem que reflete bem a ironia do título Biutiful, que significa bonito, só que escrito ironicamente errado refletindo uma beleza que praticamente não é vista pelos personagens, exceto em raros momentos como no jantar no início do filme, quando sem ter nada de diferente da mesma comida sem sabor de todos os dias, eles imaginam o que cada um um poderia e gostaria de estar comendo.
E especialmente nos momentos depois que o personagem principal descobre que está muito doente. E passa a misturar lembranças e imaginar um lugar ideal longe daquilo tudo e daquela dor.
No fim talvez a beleza descrita com ironia no título do filme esteja na última cena,
no alívio finalmente de toda aquela dor.
Destaque além da atuação do Bardem para as sempre competentes trilhas dos filmes do diretor.
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