Dizem ser o primeiro filme do tal movimento Dogma 95, um manifesto contra a industrialização do cinema. E para tanto, seguiu a cartilha um tanto amalucada. São dez as regras, como por exemplo não poder utilizar luzes artificiais, trilha sonora, estúdio, etc. Como consequência o filme tem uma produção técnica sofrível, as imagens são ruins, embaçadas e, portanto, o que muitos cinéfilos consideram a virtude do filme, para mim é o defeito.
Apesar da intenção ser interessante, considero esse projeto dogma 95 muito mais uma estratégia de marketing do que qualquer outra coisa; e pelo jeito foi bem sucedida, tanto é que este primeiro filme recebeu boas críticas e prêmios, mesmo sendo todo zuado tecnicamente.
Eu também sou entusiasta de um cinema mais realista, aliás sempre prefiro filmes com roteiro e cenas as mais reais possíveis, e critico a vulgarização do cinema com seus truques de cenas, efeitos especiais e filmes de consumo - um bom exemplo é Avatar (James Cameron, 2009). Porém, por outro lado, está é uma realidade muito difícil de mudar sendo que, inclusive, são os blockbusters que financiam os demais outros filmes cults e artísticos; o povão sempre irá preferir porcaria, é um fato constante.
E outra, várias das 10 regras apresentadas no manifesto são ruins e depreciam o filme, sendo Festa de Família um exemplo claro disso.
As tecnologias devem ser usadas com parcimônia, mas na medida certa ACRESCENTAM ao filme. Uma trilha sonora bem usada transforma positivamente uma obra cinematográfica. As luzes artificiais são fundamentais para boas cenas. Quem puder pesquisar melhor sobre o tema e ler as 10 regras verá que muitas delas não tem fundamento, apesar de, como já salientei, a intenção ter seu fundo nobre, mas repito que pra mim o Lars Von Trier quis mais se promover e conseguiu. Mesmo assim, é bom diretor. O diretor de Festa de Família foi Thomas Vinterberg, que junto com ele criaram o manifesto.
Festa de Família peca pela produção precária, mas sobrevive pelo ótimo roteiro, o que é uma pena, pois, contraditoriamente, se fosse feito nos padrões "industriais" de Hollywood, seria um grande filme.
Respeito a opinião, mas acho este filme uma verdade obra-prima, nota 10. Abraços!