Mais uma vez o cinema prova que beber água da literatura nem sempre é uma boa alternativa. Como uma centena de adaptações, “O amor nos tempos do cólera” deixa muito a desejar de sua obra original, do genial Gabriel Garcia Márquez. O filme trata os personagens com uma superficialidade constrangedora, fugindo totalmente da proposta do realismo fantástico de Márquez. O autor que tem como principal mérito aprofundar nas relações entre personagens, a partir de situações inusitadas, deve ter se sentido constrangido ao ver o modo como esse triângulo amoroso se desenrola. Até o experiente roteirista Ronald Harwood (O pianista) escorrega nessa adaptação, mas nada comparado à péssima direção de Mike Newell. Ele conduz a obra como se fosse um folhetim, com tomadas ridículas e total descontrole sobre os atores. Um elenco com figuras de diferentes países dá um uma mostra de como não de deve fazer cinema. Até o bom Javier Bardem se mistura com o show de péssimas atuações, mas nada comparado à caricatura vestida pelo colombiano John Leguizamo, na pele do pai de Fermina. A maquiagem consegue ser pior do quê a que pode ser vista no rosto de Kate Winslet, em O Leitor. Um constrangimento atrás do outro, que conduz o telespectador à necessidade de um fim precoce, com exceção dos fãs de Gabriel Garcia, que quer saber até onde “isso” vai dar. Definitivamente o cinema prova que, com poucas exceções, as obras literárias são feitas para se eternizarem nos livros, nas folhas de papéis, ao invés de envergonhar nas telas do cinema o público que espera assistir uma adaptação fidelíssima ao que se propõe.
Críticas
4,0
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