Adaptações de livros para o cinema deixaram de ser novidade há muito tempo. Já foram vistas maravilhas, como “Perfume: a história de um assassino” e desastres, como “O Apanhador de Sonhos”. Trazido aos cinemas pelo mesmo roteirista de sucessos como “O Chamado” e “A Chave Mestra”, Ehren Krueger, a partir do livro homônimo de Annette Curtis Klause, “Sangue e Chocolate” (Blood and Chocolate, 2007) não chega a ser uma maravilha, mas agrada bastante.
Vivian (Agnes Bruckner) é uma jovem lobisomen que vive presa e uma profecia, de que será a esposa do líder de sua sociedade, Gabriel. Líder que lhe salvou quando perdeu seus pais na infância, vítimas de caçadores que seguiram seus rastros para encontrar a família. Mas, no entanto, ela conhece Aidan Galvin em uma igreja, e inicia com ele uma amizade. Aidan é um fanático por lobisomens (ou, como gosta de chamar, loup garoux), gosta de estudá-los e fazer novelas gráficas sobre eles e seus costumes. Essa amizade, eventualmente, acaba se tornando um romance entre loba e homem, o que gera um descontentamento geral no grupo de Vivian. Liderados por Gabriel, os membros do clã tentam, a qualquer custo, acabar com esse relacionamento dos dois, chegando ao ponto de tentar causar mortes.
“Sangue e Chocolate” difere-se dos últimos filmes do gênero, como o ridículo “Amaldiçoados”, principalmente pela não utilização de vários clichês. Este longa não considera reais os fatos de que os lobisomens são mortos apenas com uma bala de prata no peito e de que apenas tomam a forma de lobo na lua cheia. Essa é a maior novidade apresentada pela competente diretora alemã Katja Von Garnier, que leva às telas seu 7º longa, o primeiro de maior importância internacional (um de seus filmes foi escolhido a melhor produção alemã)
As cenas de ação em “Sangue e Chocolate” são boas. As perseguições dos lobisomens às pessoas que fizeram ou podem fazer mal ao clã são ferozes e tensas, ajudadas muito pela excelente trilha sonora. Trilha que funciona o tempo inteiro, consegue dar leveza aos momentos de romance entre Vivian e Aidan, obscuridade aos momentos de terror e dinâmica aos momentos de ação. A fotografia, pendendo quase sempre para tons de azul, é bem feita, mas a quantidade de azul, por vezes, chega a incomodar um pouco. Os efeitos especiais não são utilizados em grande escala, até porque os lobos do filme são reais, mas, quando aparecem, não são lá grande coisa. A transformação dos lobisomens é um dos pontos mais fracos do filme, pois não dá medo, apenas acontece.
O elenco do longa não é bom, com exceção de Agnes Bruckner. A protagonista cumpre muito bem seu papel, conseguindo conciliar uma personagem com facetas quase antagônicas: sombria e apaixonada. Apesar de suas expressões serem quase as mesmas em todas as cenas (emburrada), Agnes passa as emoções de sua personagem com correção, deixando muito pouco escapar. O restante é fraco. Hugh Dancy é o protagonista masculino, Aidan, e passa para seu personagem toda a sua apatia e inexpressividade. Suas cenas de romance com Agnes são menos piores, mas nem assim consegue sair da mediocridade. O vilão Gabriel é interpretado pelo fraco Olivier Martinez, que não consegue nos fazer temer toda a sua “maldade e vilania”.
“Sangue e Chocolate” está longe de ser um dos melhores filmes do ano, muito longe mesmo. Mas chegou para dar uma boa retomada no gênero Lobisomen, que contava apenas com o bom “Anjos da Noite” como representante de respeito nos últimos anos, e que foi completamente ridicularizado com o patético “Amaldiçoados”. Não é um filme excelente, mas, apesar da tentativa da direção do elenco de acabar com tudo, acaba agradando.
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