Filmes que têm como temática central assuntos complicados de lidar e delicados (como homossexualismo, preconceito racial e deficiências), devem ser conduzidos de maneira segura e cuidadosa, para não dar margem a críticas por má abordagem. “Eu os Declaro Marido e… Larry!” (I now pronounce you Chuck and Larry, 2007) trata de maneira correta o homossexualismo, fazendo algumas piadas homofóbicas sem exagero e criticando duramente todo o tipo de preconceito.
Chuck Levine (Adam Sandler) e Larry Valentine (Kevin James) são companheiros de trabalho no Corpo de Bombeiros do Brooklyn há vários anos, sendo, também, melhores amigos. Quando Chuck salva a vida de Larry em um acidente de trabalho, recebe do amigo a promessa de que será recompensado um dia. No entanto, quando Chuck vai receber a “retribuição do favor”, Larry tem uma surpresa: Chuck quer que eles se casem. O motivo: como Chuck não consegue colocar seus bens no nome dos filhos, ele propõe o casamento para que seus bens, após sua morte, sejam repassados a uma pessoa de confiança. No entanto, como esse ato de fazer um casamento forjado é contra a lei, um burocrata da justiça os persegue, tentando fazê-los revelar o “romance” para a sociedade.
“Eu os Declaro…” nos proporciona uma 1ª seqüência memorável, em que um homem gordo (quando eu falo gordo, não é aquele fofinho não, é gordo mesmo!) é salvo de um prédio em chamas. Mas aproveite ao máximo essa cena, porque você vai demorar bastante a dar mais do que um risinho. O longa tem várias oscilações de seqüências cômicas, ficando alguns buracos entre elas. Eu diria que o filme demora um pouco a entrar no clima de comédia, mas não chega a engrenar. Outra cena que merece ser vista com atenção é quando Chuck e Larry dormem na mesma cama pela primeira vez (não vou falar o que acontece, assistam ao filme!), que provoca a qualquer pessoa, mesmo as mais carrancudas, risos incontroláveis.
Um grande ponto forte de “Eu os Declaro…” é a abordagem do preconceito sexual. O filme trata com cautela e correção atos preconceituosos cometidos por partes da sociedade (destaque para a cena em que manifestantes de uma igreja vão para a porta de uma festa gay para protestar), que, mesmo que estejamos no século XXI, ainda insiste em não respeitar as diferenças. Mesmo que os protagonistas não sejam realmente gays, com a convivência forçada com esse mundo, eles acabam defendendo a causa e participando de diversos eventos GLBT. Sempre indo na direção contrária ao preconceito.
Adam Sandler e Kevin James, que interpretam marido e marido, têm atuações excelentes, tanto na parte cômica quanto na dramática. Eles conseguiram dar uma demonstração de total entrega ao papel, o que dá uma verossimilhança grande aos personagens. Dentre os coadjuvantes, destaque total para a interpretação impecável de Cole Morgen, que faz o filho com tendências homossexuais de Larry. Seus ensaios para o musical de sapateado são hilários, e o garoto mostra um enorme carisma frente as câmeras.
“Eu os Declaro Marido e… Larry!”, com seus 115 minutos de duração (muito para um filme de comédia), consegue não cansar nem torrar a paciência de quem assiste. Mas, infelizmente, acaba tropeçando ao inserir um excesso de cenas dramáticas, deixando o filme com uma péssima distribuição de risadas. O longa tem poucas seqüências e cenas que provocam gargalhadas, o que acaba comprometendo bastante sua condição de filme de comédia. Mas, apesar disso, o filme consegue passar a mensagem, de que todo o tipo de preconceito sexual deve ser combatido. Sempre!
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