Os Famosos e os Duendes da Morte é um filme para ser ouvido e sentido como poucos e projeta o diretor Esmir Filho para o cenário nacional e internacional em grande estilo.
Uma vez que adentramos no universo particular do protagonista do filme é impossível não se envolver com os conflitos vividos e sentidos pelo mesmo. Resultado da câmera apurada de Esmir e da suavidade com que são abordados temas espinhosos como o suicídio e dilemas morais vividos na adolescência.
Para isso, o filme teve que se municiar de recursos variados, sobretudo nos 30 minutos iniciais, onde existe todo um cuidado com a ambientação de uma cidade do interior gaúcho, retratada com impressionante veracidade, por meio de sons, paisagens bucólicas e intervalos maiores entre as falas dos personagens.
O protagonista Mr. Tambourine Man é um adolescente com conflitos e dilemas emocionais muito difíceis de serem transpassados do livro para as telas de cinema e isso só pôde ser feito graças a um cuidado especial com a estética do filme, esta muito apurada, conseguindo criar situações que retratassem com veracidade os sentimentos vividos pelo protagonista.
Podemos perceber isso no seu olhar vago, nas respostas por vezes ásperas dadas a sua mãe, nas situações de sua fuga quando acessa a Internet, situações que , somadas, pintam o quadro ideal para a abordagem de temas como o suicídio, a reclusão de idéias e rotinas nas pequenas cidades do interior e a vontade tipicamente adolescente de sair e conhecer o mundo exterior.
Tudo isso somado à trilha sonora espetacular de Nelo Johann e as atuações verdadeiras de Henrique Larré e Áurea Baptista fazem Os Famosos e os Duendes da Morte ser um filme com profundidade rara, principalmente no cinema brasileiro, sendo capaz de passar uma mensagem bonita sem parecer falso ou pretensioso demais. Recomendo.
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