Deixe-me Viver é um daqueles filmes que você assiste sem muita pretensão, buscando apenas o simples entretenimento, não sendo muito difícil consegui-lo, levando em consideração grandes estrelas que desfilam nesta obra. O diretor Peter Kosminsky soube conduzir muito bem o desenvolvimento da história, que a cada minuto torna-se mais intensa e interessante aos nossos olhos. Pfeiffer, em grande estilo, interpreta sua personagem com bastante eficiência, entregando um trabalho digno de parabéns.
É justamente a personagem de Michelle Pfeiffer a mais intrigante do filme. Ingrid é uma mulher independente, extremamente centrada e decidida. Tem uma filha adolescente, onde ambas seguem o artesanato como forma de vida. Ingrid demonstra ser uma mulher que não quer se fixar a romances e afins, mas ao quebrar as próprias regras e se envolver com um jornalista, acaba passando dos limites ao saber que era apenas mais um, e vai para a prisão sob pena de crime doloso.
Após o terrível acontecimento as coisas começam a pegar fogo na trama, estabelecendo um clima de tensão atenuada e de forte impacto, deixando o telespectador sem fôlego. A personagem principal do filme, Astrid (Alison Lohman) teve uma vida normal e bem protegida enquanto vivia com sua mãe. De temperamento forte, Ingrid lhe ensinou como viver e sobreviver no mundo, criando inclusive as “regras da casa”, as quais eram: nunca se desculpar, nunca se justificar e nunca deixar o homem passar a noite. Ao se envolver com Barry (Billy Connolly), quebrar as próprias regras e ser abandonada, Ingrid comete assassinato e vai presa.
A partir deste momento a trama torna-se dramática e extremamente emotiva. Astrid tem que viver em lares adotivos até completar a maioridade e poder se sustentar sozinha. Porém a grande sacada do filme é justamente o fato de que Ingrid não permitirá isso, provocando muitas situações conflitantes, levando o público a pensar profundamente sobre tudo que está sendo transmitido. As mudanças de personalidade, a intensidade, a contribuição de uma eficiente maquiagem, tudo colabora para o filme ser ainda mais impactante.
A personagem de Pfeiffer, que outrora era independente, extremamente centrada e decidida, agora se torna uma mulher fria, controladora e egoísta, que fará uma verdadeira tortura psicológica na filha. Em certos momentos a agressividade com as palavras e a frieza do olhar deixa o dialogo de mãe e filha perturbador. É aqui que se encontra os momentos mais tensos do longa, aumentando a dramaticidade não apenas com um drama familiar, mas indo muito além de outros elementos.
A cada lar adotivo que passa, Astrid amadurece um pouco e percebe que a mãe não tem todas as respostas, chegando a conclusão que esta é uma pessoa amarga e solitária. Ao fim do filme, a conversa de mãe e filha, agora uma mulher com 20 anos, mostra o amadurecimento de Astrid e o motivo de Ingrid ter se tornado uma mulher tão fria e controladora, em uma cena muito bem filmada e editada, dando o clima correto para aquele desfecho, finalizando tudo o que fora antes desenvolvido. O sofrimento de ambas é explorado com brilhantismo por Kosminsky, deixando seu filme ainda mais profundo.
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