Dirigido novamente por Sylvester Stallone, Rocky IV chegou aos cinemas norte americanos em 1985 com bastante expectativa e ansiedade por parte dos fãs e imprensa. Devido ao grande sucesso de eu antecessor, sendo o de maior arrecadação da série até aqui, contando com uma trama mais dinâmica e focada nas lutas, deixando de lado o desenvolvimento dos personagens, Stallone resolveu prolongar a fórmula de sucesso com este filme.
Pode ser compreendido como a segunda parte da série, sendo este uma continuação direta do terceiro filme, tendo em vista o pouco em comum que ambos os filmes possuem com os dois primeiros, que possuía uma trama mais melancólica, parada e que se preocupava em desenvolver os personagens e suas relações. Rocky IV já começa bastante movimentado, novamente apresentando a trilha indicada ao Oscar em 82, Eye of The Tiger.
Sem dúvida alguma, este é o filme que mais contém traços cômicos, com inúmeros momentos constrangedores, especialmente envolvendo o personagem Paulie (Burt Young). Após receber um robô de presente de Rocky, Paulie passa quase todas as suas aparições fazendo piadinhas sem graça em relação à máquina, só melhorando um pouco perto do fim da projeção.
O roteiro basicamente segue o padrão do terceiro filme, introduzindo os personagens rapidamente em lutas e conflitos, que são desenvolvidos de forma rasa e apressada. A luta de Apollo (Carl Weathers) contra Drago (Dolph Lundgren) acontece o mais rápido possível dentro da trama, onde a falta de explicações ou lógica é deixada de lado. Mas o grande diferencial deste filme em relação aos outros, é sua energia exacerbada, que consegue superar o terceiro.
Stallone exagera ao máximo seu personagem, e consegue uma coisa que parecia quase impossível, após tanta exploração no último filme. Aqui Rocky não é mais um lutador qualquer, ou até mesmo o grande campeão mundial de boxe, agora o lutador é um herói norte americano, que não se rende e não cai frente aos adversários, mesmo que sejam melhores e contem com aparelhos tecnológicos superiores.
Em sua visão, Stallone transforma a União Soviética em um inimigo terrível, que utiliza de artifícios não-legais para seus atletas vencerem competições, além de aumentar ainda mais o ódio que ambos sentiam entre si. Drago mal fala no filme,apenas mete medo pelo seu tamanho e músculos, e o que dizer então da comparação de seu treinamento com o de Rocky? O pior ainda é o discurso final de Rocky, e conseguir que todos os soviéticos, presentes na arena, aplaudissem o lutador....Mais inverossímil impossível!
Mais um personagem importante para a série morre neste filme, com uma grande parte da projeção sendo reservado para uma despedida melancólica, porém nem se compara com a mostrada no filme anterior. A sensação é que tudo acontece rápido demais e pouca coisa é abordada mais a fundo. Para quem é fã da série as seqüências funcionam, mas quem assiste ao filme sem conhecer a fundo a história dos personagens, pode achar estranho e fraco.
Com a introdução de mais canções durante a projeção, Stallone acerta em conferir mais energia ao filme, e emoção na medida certa, claro que tudo muito americanizado e anti-soviético. Um dos grandes momentos de Rocky IV é a seqüência de imagens montadas ao som de No Easy Way Out, com várias imagens dos demais filmes sendo mostradas, em um momento bastante emotivo e de extrema energia. Outras músicas presentes no longa que levantam o público são Sweet Victory, Burning Heart.
A luta entre Rocky e Drago é de longe a mais exagerada visualmente. Ninguém resistiria o que os lutadores agüentaram dentro do ringue. Golpes violentos atrás de golpes violentos, o rosto dos personagens vão se transformando, além ainda da tradicional reviravolta no fim do confronto. Rocky novamente repete as mesmas frases do terceiro filme, e pede para que Drago venha para cima e o acerte, provocando seu oponente, a mesma coisa que fez com Clubber.
Tirando a propaganda política exacerbada, Rocky IV é um filme extremamente enérgico e heróico e mesmo que derrape em momentos constrangedores de comédia, se mostra um instrumento eficiente de diversão e entretenimento. Não é a toa que foi o filme que mais arrecadou na série.
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