Lançado em 30 de Abril de 1985, este exemplar é mais um longa que possui como objetivo, retratar com a maior exatidão possível, um determinado período do Medievo, bem como algumas características imprescindíveis da época, onde sua trama mergulha a fundo neste universo conturbado que estava submetido o final da Idade Média, principalmente com o aparecimento de uma das mais terríveis doenças de todos os tempos, a Peste Negra.
O filme nos apresenta, com uma maravilhosa direção de arte, a realidade nua e crua, vivida pela população. Com certeza este é o ponto positivo crucial do longa, tendo em vista sua transposição fiel às telas. Muitos filmes apresentam uma Idade Média sempre bela, limpa, justa e organizada, bem diferente do que fora na realidade. O diretor Paul Verhoeven constrói o período com exatidão, explorando as características e os costumes da época.
Os personagens estão muito bem caracterizados. Rutger Hauer interpreta Martin, um sujeito frio, cruel e sujo. Aliás, a maioria da população possuia estes elementos, ocasionando com a falta de inúmeros fatores, como o aprendizado e bons costumes, claro que se tratando da população volumosa nas ruas dos países europeus, os pobres. Um dos pontos mais explorados pelo diretor é a violência, presente diariamente na vida daquelas pessoas.
A ação se desenvolve através de saques de um bando de mercenários, onde aqueles que perdiam a guerra tinham seus bens saqueados, sendo levado tudo o que possuia valor. Outro fator bem estilizado por Verhoeven é a presença feminina. Sem dúvida alguma, a figura da mulher nunca esteve tão ligada ao sexo e sodomia quanto neste período, e isto não passa batido às lentes do diretor. A maioria das mulheres que dão as caras no longa, ou estão praticando sexo, ou foram estupradas de forma violenta, ou foram mortas. O papel das mesmas, neste período era servir ao homem, em todos os sentidos, mais nada do que isto.
Tanto a violência em combate, quanto a violência em atos sexuais são bem estruturados por Verhoeven, onde o intuito é construir uma aproximação junto ao público a maior possível. A realidade brutal é a todo instante jogada na cara do telespectador. Os combates são abundantes, tendo em vista a necessidade de conquistar territórios alheios, que neste caso, o interesse o grupo principal é saquear e estuprar.
Outro ponto positivo da trama é desenvolver, mesmo que de forma rasa, a religiosidade, que está por trás de tudo e todos neste período. Na Idade Média, o medo era maior que a fé, sendo que a Igreja controlava a todos rigorosamente, sendo mostrado eficientemente no longa. A Igreja Católica reinava absoluta, onde manifestava seu poder a todos, onde quem era contra suas vontades não alcançariam o céu, o que era inadmissível a qualquer homem. Podemos notar algumas destas características quando o grupo de mercenários encontram uma estátua de São Martin, que acreditam que o guiarão e oferecerá proteção ao grupo.
Por fim, a trama parte para uma rápida exploração sobre a Peste Negra, que devastou um quarto da população européia no Séc. XIV. É desenvolvida de forma rápida, sem muitas explicações do que viria a se transformar, mostrando algumas proliferações de mortes, iniciando assim, uma das maiores pandemias que o mundo que já conheceu. Jennifer Jason Leigh vive a personagem Agnes, sem muito brilho ou encanto, que aliás, elementos como estes são totalmente deixado de lado neste longa. Sua personagem possui uma personalidade confusa, porém é inteligente, e isto é essencial para a sua sobrevivência com o grupo de mercenários, ao longo da projeção.
"A Conquista Sangrenta" é sem dúvida um dos melhores retratos do período, vale a pena conferir por sua eficiente direção de Arte, que nos transporta para um mundo sujo, pecaminoso e desorganizado. Mesmo que os personagens não sejam munidos de qualidade interessantes, a trama segura a atenção, mesmo com sua duração de pouco mais de duas horas. Um belo estudo das características do período.
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